O Ministério Público Federal (MPF) destacou conquistas e desafios nos 10 anos da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, promulgada em 6 de julho de 2015. A legislação mudou a forma de tratar pessoas com deficiência, invertendo o paradigma: a sociedade deve se adaptar, não a pessoa.
A procuradora Aline Caixeta, presidente da Comissão Permanente de Inclusão do MPF, explica que “a maior importância da Lei está na mudança da perspectiva do modelo médico para o social”. A definição agora considera a interação das características com barreiras sociais.
Avanços institucionais
Em 2019, o MPF criou a Comissão Permanente de Inclusão para demandas internas e o Grupo de Trabalho da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão para questões nacionais. As iniciativas buscam identificar necessidades e remover barreiras de acessibilidade.
O servidor Leonardo Antônio Moraes Filho, que é cego, considera a lei “um avanço civilizatório”. Ele destaca que o sucesso será completo “quando a inclusão for naturalizada, quando a presença de uma pessoa com deficiência não causar espanto”.
Barreiras persistentes
O procurador Daniel Prazeres, vice-presidente da Comissão, alerta que “são necessárias ações multidisciplinares contínuas envolvendo todos os setores”. A superação das barreiras exige cumprimento das leis e conscientização social.
A barreira digital permanece como desafio, com sites inacessíveis, aplicativos incompatíveis e plataformas sem recursos adequados. Leonardo alerta que “a acessibilidade digital é essencial para a participação na vida moderna”.
Jurisprudência consolidada
O STF e STJ desenvolveram jurisprudência importante sobre questões de gênero e inclusão. Decisões garantiram direitos em concursos públicos, proibiram discriminação e reconheceram a capacidade plena das pessoas com deficiência.
A Lei estabeleceu que discriminação pode resultar em reclusão de um a três anos, além de multa, reforçando a proteção legal.
Perspectivas futuras
O MPF atua através de inquéritos civis, recomendações e ações civis públicas para garantir direitos. A continuidade das ações estratégicas é fundamental para consolidar os princípios da Lei Brasileira de Inclusão.
A transformação cultural permanece como principal desafio, exigindo mudança de mentalidade e combate ao capacitismo estrutural.