Israel lançou na madrugada desta sexta-feira (13) o maior ataque já realizado contra o Irã, atingindo instalações nucleares e eliminando três dos principais comandantes militares iranianos. A operação envolveu mais de 200 caças israelenses que bombardearam mais de 100 alvos, incluindo o centro de enriquecimento nuclear de Natanz, causando temores de uma guerra regional entre as duas potências do Oriente Médio.
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu disse que o ataque foi um “último recurso” para impedir um Irã nuclearmente armado. Netanyahu descreveu a ação como necessária diante de uma “ameaça existencial clara e presente à própria sobrevivência de Israel”.
O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, prometeu uma “punição severa” em resposta aos ataques. Mais tarde, as forças iranianas lançaram cerca de 100 drones contra Israel, marcando o início da retaliação esperada.
Comando Militar Iraniano Devastado
Os ataques israelenses causaram um golpe devastador na cadeia de comando militar iraniana. O general Mohammad Bagheri, chefe do estado-maior das forças armadas e segundo maior comandante após Khamenei, foi morto durante os bombardeios.
Também foram eliminados o general Hossein Salami, comandante-chefe da Guarda Revolucionária, e o general Gholamali Rashid, vice-comandante das forças armadas. Dois cientistas nucleares proeminentes, Mohammad Mehdi Tehranchi e Fereydoun Abbasi, também foram assassinados em ataques direcionados às suas residências.
As operações marcaram uma escalada na estratégia israelense, que historicamente eliminou líderes iranianos individualmente. Desta vez, Israel aparentemente tentou eliminar o alto escalão militar em massa, atacando complexos residenciais seguros onde comandantes viviam.
Instalações Nucleares no Centro dos Ataques
O complexo nuclear de Natanz, onde o Irã produz a maior parte de seu combustível nuclear, foi duramente atingido. Imagens verificadas mostram chamas e fumaça preta saindo da instalação após uma série de explosões relatadas por volta das 4h18 locais.
Netanyahu afirmou que Israel atingiu “o coração do programa de enriquecimento nuclear do Irã” e “o coração do programa de armamento nuclear iraniano”. O primeiro-ministro também disse que foram alvos os “principais cientistas nucleares iranianos trabalhando na bomba iraniana”.
Rafael Grossi, chefe da Agência Internacional de Energia Atômica, confirmou que Natanz foi alvo dos ataques israelenses. Autoridades iranianas informaram que não houve aumento nos níveis de radiação no local, segundo Grossi.
Estados Unidos Negam Envolvimento
O secretário de Estado americano Marco Rubio declarou que os Estados Unidos “não estiveram envolvidos nos ataques contra o Irã”. Rubio advertiu o Irã contra qualquer retaliação direcionada às forças americanas na região.
O ministério das Relações Exteriores iraniano, porém, afirmou que o ataque não poderia ter acontecido sem “coordenação e autorização” dos Estados Unidos. O Irã responsabilizou Washington pelas consequências, considerando os EUA como principal apoiador de Israel.
Cerca de 40.000 militares americanos estão estacionados no Golfo Pérsico e outras partes do Oriente Médio. O porta-aviões Carl Vinson, equipado com caças F-35, está navegando no Mar Arábico como parte do dispositivo de defesa regional.
Negociações Nucleares Suspensas
O Irã anunciou que não participará das negociações nucleares com os Estados Unidos marcadas para domingo em Omã. As conversas faziam parte dos esforços diplomáticos do presidente Trump para conter o programa nuclear iraniano.
Trump havia desencorajado Israel de atacar o Irã enquanto as negociações estavam em andamento. O enviado especial Steve Witkoff ainda pretendia participar das conversas, mas a participação iraniana agora está indefinida.
O ataque israelense interrompe meses de diplomacia que buscavam uma solução pacífica para a questão nuclear iraniana. Netanyahu justificou a ação dizendo que Israel não poderia “deixar essas ameaças para a próxima geração”.
Impactos Econômicos e Regionais
Os preços do petróleo subiram drasticamente após os ataques, com o Brent chegando a 78 dólares por barril, alta de 9%. O Irã controla uma posição estratégica no Estreito de Hormuz, por onde passa um terço das exportações mundiais de petróleo.
Diversos países fecharam seus espaços aéreos, incluindo Jordânia e o próprio Irã. A Emirates cancelou todos os voos para Irã, Iraque, Jordânia e Líbano devido à escalada do conflito.
Hospitais israelenses se prepararam para emergências, transferindo departamentos para locais subterrâneos. O governo israelense declarou estado de emergência especial e orientou a população a permanecer próxima a abrigos protegidos.
Parlamentares, Intelectuais e Artistas Pressionam Lula a Romper com Israel
Nas últimas semanas, mais de 240 personalidades brasileiras assinaram carta aberta exigindo que o governo Luiz Inácio Lula da Silva aplique sanções e rompa relações diplomáticas com Israel devido ao que classificam como genocídio do povo palestino em Gaza. A iniciativa conta com apoio de artistas como Chico Buarque, parlamentares do PT e PSOL, além de movimentos sociais que defendem embargo comercial e militar como medida “essencial” contra as violações israelenses.
A carta reconhece que os posicionamentos de Lula em solidariedade ao povo palestino “têm sido firmes e coerentes”. No entanto, os signatários argumentam que são necessárias “obrigações internacionais que vão além de gestos e propostas diplomáticas”.
O documento denuncia a “crescente violência imposta pelo estado sionista de Israel aos civis palestinos” e o “bloqueio desumano” que ameaça 2,3 milhões de pessoas em Gaza. Segundo a carta, 14 mil bebês se encontram em risco iminente de morte na região.
Personalidades e Parlamentares Mobilizados
Entre os signatários da iniciativa estão grandes nomes como a professora Arlene Clemesha, o jornalista Breno Altman, a jurista Carol Proner e o sociólogo Emir Sader. Artistas como Chico Buarque e Gregório Duvivier também aderiram ao movimento.
Do Congresso Nacional, participam deputados federais do PT como João Daniel (Sergipe) e Reimont (Rio de Janeiro). Deputados estaduais petistas como Jeferson Fernandes (Rio Grande do Sul), Laura Sito (Rio Grande do Sul), Marina do MST (Rio de Janeiro) e Simão Pedro (São Paulo) também assinaram.
Organizações árabe-palestinas e islâmicas, como a Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), endossaram a carta. O movimento reúne ainda sindicatos e diversos movimentos sociais brasileiros.
PSOL Lidera Ofensiva no Congresso
Deputadas do PSOL como Sâmia Bomfim e Fernanda Melchionna lideram articulação no Congresso para pressionar o governo. Elas preparam carta exigindo rompimento total das relações comerciais, diplomáticas, militares, energéticas e tecnológicas com Israel.
“O que falta para o Brasil romper relações com Israel? O mundo não pode seguir inerte, assistindo ao genocídio televisionado na Palestina”, declarou Sâmia Bomfim. A deputada defende que o Brasil “precisa dar o exemplo” na luta contra a “barbárie colonialista”.
O documento das parlamentares ecoa declarações do próprio Lula, que qualificou a ação israelense como “campanha de extermínio”. O presidente também comparou os ataques de Israel ao “Holocausto”, gerando forte reação do governo Benjamin Netanyahu.
Exigência de Embargo Total
A carta aberta defende que “a aplicação de sanções de direito internacional é o mecanismo adequado e essencial” contra violações israelenses. Os signatários criticam que “sem embargo, o Brasil segue exportando petróleo e negociando compra e venda de equipamentos militares” com Israel.
O documento exige que o Brasil “rompa relações diplomáticas e comerciais com o estado sionista de Israel, através de embargo militar bilateral e embargo energético”. Os signatários também pedem revogação do tratado de livre comércio vigente entre os países.
Segundo a carta, caso o governo brasileiro adote tais medidas, funcionará como “exemplo a outros governos provocando uma onda necessária”. O objetivo é “encerrar essa carnificina” e garantir que “os direitos inalienáveis do povo palestino sejam respeitados”.
Genoino Defende Rompimento Imediato
O ex-presidente do PT José Genoino defendeu em entrevista à TV 247 o rompimento imediato das relações diplomáticas. A declaração veio após ataque das forças israelenses à embarcação humanitária Madleen, da Flotilha da Liberdade.
“O governo Lula tem que imediatamente tomar uma decisão de romper relações diplomáticas com o governo de Israel”, afirmou Genoino. Ele classificou a interceptação de ativistas em águas internacionais como “flagrante violação do direito internacional”.
Genoino denunciou que “Gaza é um campo de concentração a céu aberto, é um genocídio a céu aberto”. O ex-parlamentar criticou a “hiper normalidade do desastre” e defendeu que o Brasil pressione por cessar-fogo imediato.
Contexto Internacional e Pressão Crescente
O Brasil reconhece o Estado da Palestina desde 2010 e tem sido cobrado a tomar medidas concretas. O chanceler Mauro Vieira participou recentemente de reunião em Madrid com representantes de 19 países para discutir formas de pressionar Israel.
Países como Colômbia, Bolívia, Turquia e África do Sul já adotaram sanções ou romperam relações diplomáticas com Israel. O movimento brasileiro se insere numa onda global de boicotes seguindo princípios do BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções).
Segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza citados na carta, mais de 36 mil palestinos foram assassinados. A Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmam os riscos à população civil gazense.