A Polícia Federal deflagrou, nesta terça-feira (18/3), uma nova fase da Operação Sisamnes com o objetivo de investigar crimes de obstrução de justiça, violação do sigilo funcional e corrupção ativa e passiva. As investigações estão relacionadas a um esquema de venda de decisões que envolve advogados, lobistas, servidores de três gabinetes do Superior Tribunal de Justiça e magistrados de tribunais de Justiça de vários estados, em especial de Mato Grosso. A etapa de hoje resultou na prisão do advogado Thiago Marcos Barbosa de Carvalho, assessor jurídico do Ministério Público de Tocantins (MPTO), e na realização de buscas no gabinete do procurador de Justiça Ricardo Vicente da Silva.
Thiago Marcos é sobrinho do governador do estado, Wanderlei Barbosa (Republicanos), que não é investigado nessa operação. Em nota pública, o MPTO informou que “todas as medidas necessárias para atender à determinação do Supremo Tribunal Federal foram adotadas”. Que a instituição “reforça seu compromisso com a legalidade e a transparência e seguirá acompanhando o desenrolar dos fatos, colaborando com as autoridades competentes”.
De acordo com as investigações da PF, foi identificada uma rede clandestina de monitoramento, comércio e repasse de informações sigilosas sobre o andamento de investigações sensíveis supervisionadas pelo STJ, o que frustrou a efetividade das operações policiais já realizadas. Por conta disso, por determinação do Supremo Tribunal Federal, policiais federais cumprem um mandado de prisão preventiva e quatro mandados de busca e apreensão, no Tocantins, além das medidas de afastamento das funções públicas, proibição de contato e saída do país, e recolhimento de passaportes destas pessoas.
Os mandados estão sendo cumpridos na sede do Ministério Público do Tocantins, em Palmas, e em endereços dos investigados. Um dos alvos é advogado e atua como assessor jurídico do Ministério Público do Tocantins (MPTO), lotado no gabinete de um procurador de Justiça do estado.
A Operação Sisamnes foi deflagrada em novembro do ano passado com prisões, afastamento de magistrados, investigações e mandados de busca e apreensão de documentos nos estados do Mato Grosso, Pernambuco e Distrito Federal. As apurações iniciais apontaram para um suposto esquema de venda de decisões judiciais, envolvendo advogados, lobistas, empresários, assessores, chefes de gabinete e magistrados. O nome da opeação faz referência a um juiz da antiga Pérsia, chamado Sisamnes, que teria aceitado um suborno para proferir uma sentença injusta.