O presidente Donald Trump exigiu ontem a “rendição incondicional” de Teerã em uma sequência de comentários belicosos que ampliam especulações sobre possível participação americana em ação militar ao lado de Israel. Em posts nas redes sociais, Trump disse que sua paciência estava “se esgotando” e advertiu que o aiatolá Ali Khamenei era um “alvo fácil”, elevando dramaticamente o tom das ameaças contra o regime iraniano um dia após deixar a cúpula do G7 no Canadá para se concentrar na guerra.
“Não vamos liquidá-lo (matá-lo!), pelo menos não por enquanto”, escreveu o presidente americano. Trump reiterou que os EUA “sabem onde ele está” e advertiu contra mísseis disparados contra americanos.
A intervenção ocorre enquanto crescem temores de que a guerra entre Israel e Irã se transforme em conflito regional mais amplo. Analistas questionam se Trump pretende entrar no conflito ou usa ameaças para aumentar influência sobre Teerã.
Vice-presidente sinaliza possível escalada militar americana
O vice-presidente J.D. Vance disse que Trump “pode decidir que precisa tomar medidas adicionais” para impedir enriquecimento de urânio iraniano. A declaração refere-se ao processo que pode produzir tanto combustível nuclear quanto material para armas nucleares.
Vance, conhecido por posições isolacionistas, fez acenos aos críticos republicanos céticos quanto ao envolvimento em conflitos prolongados no exterior. Em post no X, escreveu que Trump “só está interessado em usar forças americanas para atingir objetivos do povo americano”.
Nos últimos dias, os EUA reforçaram presença militar no Oriente Médio com recursos adicionais, incluindo aeronaves de reabastecimento para eventual uso de caças americanos no conflito.
Pentágono realoca porta-aviões para sustentar posição defensiva
Na segunda-feira, o Pentágono informou realocação do grupo de ataque do porta-aviões USS Nimitz para o Oriente Médio. A medida visa “sustentar nossa posição defensiva e proteger funcionários americanos”, segundo autoridade de defesa americana.
O grupo de ataque inclui o porta-aviões Nimitz e três contratorpedeiros de mísseis guiados. As embarcações estavam no Mar do Sul da China e demorarão pelo menos uma semana para chegar à região.
Fonte familiarizada com a situação disse que autoridades israelenses estão otimistas com possível participação de Trump na campanha militar contra o Irã. Israel aguarda decisão americana sobre envolvimento direto no conflito.
Israel mata comandante iraniano em campanha de “decapitação”
No campo militar, Israel e Irã continuaram ataques ontem com jatos israelenses bombardeando instalações em Teerã. Os alvos incluíram bases de mísseis terra-ar e radares no oeste do Irã.
O Exército israelense anunciou ter matado Ali Shadmani, comandante do Estado-Maior em tempos de guerra das forças iranianas. Ele coordenava ações das forças regulares e da Guarda Revolucionária, sendo considerado braço-direito de Khamenei.
Shadmani é o 11º oficial de alta patente morto na atual campanha israelense de “decapitação” das unidades militares iranianas. O governo de Teerã afirmou que míssil atingiu base do Mossad em Tel Aviv, informação não confirmada por Israel.
Autoridades avaliam impacto reduzido de ataques iranianos
Autoridade militar israelense afirmou que barragens noturnas de mísseis iranianos foram as “menos impactantes” até agora. As forças israelenses continuam atacando capacidades de mísseis de longo alcance de Teerã.
Analistas consideram duvidoso que Israel consiga destruir capacidades nucleares iranianas sem envolvimento americano. Os EUA seriam o único país com bombas poderosas suficientes para danificar Fordow, crucial usina subterrânea de enriquecimento de urânio.
Antes de Trump abandonar o G7, países do grupo apelaram por resolução do conflito e “desescalada mais ampla” da violência no Oriente Médio.
Tensões elevam preços do petróleo no mercado internacional
O primeiro-ministro britânico Keir Starmer disse que “não há nada que Trump tenha dito que sugira que esteja prestes a se envolver nesse conflito”. A declaração contrasta com crescentes especulações sobre participação americana.
O aumento das tensões teve reflexos no mercado futuro de petróleo. O barril do Brent com vencimento em agosto fechou com alta de 4,40%, a US$ 76,45, na Intercontinental Exchange.
As declarações de Trump marcam escalada significativa na retórica americana contra o Irã, aumentando incertezas sobre extensão do conflito regional no Oriente Médio.