O governo americano anunciou nesta quarta-feira (14) a revogação dos vistos de diversos membros do governo brasileiro, com foco especial em responsáveis pelo programa Mais Médicos. A medida, comunicada pelo secretário de Estado Marco Rubio, também atinge ex-funcionários da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e seus familiares, marcando uma nova escalada nas tensões diplomáticas entre os dois países.
Dois brasileiros têm vistos cancelados
Entre os atingidos estão Mozart Julio Tabosa Sales, atual secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, e Alberto Kleiman, ex-assessor de Relações Internacionais da pasta. Ambos tiveram participação direta na implementação e gestão do programa de intercâmbio médico.
Mozart possui longo histórico na área da saúde pública, tendo sido chefe de gabinete de Alexandre Padilha em diferentes momentos. Já exerceu função de ministro interino da Saúde em duas ocasiões, demonstrando sua relevância no setor.
Acusações sem evidências contra programa brasileiro
Marco Rubio classificou o Mais Médicos como “golpe diplomático inconcebível” e “esquema de exportação de trabalho forçado” do regime cubano. As declarações do secretário americano não apresentaram evidências concretas para sustentar tais afirmações contra a iniciativa brasileira.
Segundo o posicionamento americano, a OPAS teria servido como intermediária da ditadura cubana no suposto esquema. A organização internacional é acusada de facilitar a exploração de profissionais médicos, desviando recursos que deveriam beneficiar os trabalhadores.
Governo brasileiro rejeita interferência americana
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, reagiu duramente às sanções americanas através de suas redes sociais. Em publicação no X, afirmou que o programa sobreviverá aos “ataques injustificáveis de quem quer que seja”.
Padilha defendeu Mozart e Alberto como figuras fundamentais para o sucesso da iniciativa de saúde pública. O ministro reforçou que o Brasil não se curvará a pressões externas sobre questões de soberania nacional.
Ofensiva política coordenada por Eduardo Bolsonaro
A decisão americana representa mais uma etapa da articulação política liderada pelo deputado Eduardo Bolsonaro junto ao governo Trump. O parlamentar já havia conseguido a revogação dos vistos de oito ministros do Supremo Tribunal Federal em julho passado.
A estratégia de Eduardo inclui pressão sobre magistrados brasileiros e busca o fim dos processos contra seu pai. O deputado mantém agenda ativa em Washington, defendendo medidas punitivas contra autoridades brasileiras que considera autoritárias.
Histórico e importância do Mais Médicos
Criado em 2013 durante o governo Dilma Rousseff, o programa visa atender regiões remotas com baixa cobertura médica. A iniciativa permitia a atuação de profissionais estrangeiros sem necessidade de revalidação de diploma no Brasil.
Durante o governo Bolsonaro, o programa foi substituído pelo “Médicos pelo Brasil”, exigindo aprovação no exame Revalida. Em 2023, Lula reativou a iniciativa com o nome “Mais Médicos para o Brasil”, priorizando profissionais brasileiros.
Texto para redes sociais (280 caracteres): EUA revogam vistos de brasileiros ligados ao Mais Médicos. Secretário Marco Rubio acusa programa de ser “esquema de trabalho forçado” cubano. Ministro Padilha rejeita interferência americana na soberania brasileira.