Os dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2025 revelam um cenário contraditório na violência contra mulheres no Brasil. Enquanto os homicídios de mulheres, incluindo feminicídios, caíram 6,4% em 2024, as tentativas de feminicídio aumentaram 13,6% no mesmo período. Os números mostram a persistência de um problema estrutural que ainda desafia as políticas públicas de proteção.
O levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública aponta que 3.700 mulheres foram vítimas de homicídio em 2024, contra 3.937 casos registrados em 2023. A redução de 237 casos representa uma queda na taxa nacional, mas especialistas alertam que outros indicadores sugerem agravamento da violência de gênero.
Feminicídios seguidos de suicídio aumentam 21,6%
Um dos dados mais preocupantes refere-se aos feminicídios seguidos pelo suicídio do autor. Esses casos saltaram de 51 em 2023 para 62 em 2024, representando aumento de 21,6%. O indicador revela a gravidade extrema da violência doméstica, quando o agressor decide eliminar tanto a vítima quanto a si mesmo.
Os feminicídios cometidos contra mulheres que possuíam medida protetiva ativa apresentaram tendência oposta. Os casos caíram de 69 em 2023 para 52 em 2024, redução de 24,6%. O resultado pode indicar maior efetividade das medidas de proteção quando aplicadas corretamente.
Tentativas de feminicídio crescem 13,6%
As tentativas de feminicídio registraram aumento significativo, passando de 7.886 casos em 2023 para 8.957 em 2024. O crescimento de 13,6% preocupa especialistas, pois indica que mais mulheres estão sofrendo ataques que poderiam resultar em morte. São mais de 1.000 tentativas adicionais de homicídio por motivo de gênero.
A lesão corporal doméstica contra mulheres manteve-se praticamente estável, com leve alta de 0,4%. Foram registrados 257.659 casos em 2024, contra 256.584 no ano anterior. Os números refletem a persistência da violência física no ambiente doméstico e familiar.
Dados revelam complexidade do problema
Os indicadores contraditórios evidenciam a complexidade da violência contra mulheres no Brasil. Enquanto alguns tipos de agressão diminuem, outros aumentam, sugerindo possíveis mudanças nos padrões comportamentais dos agressores. A redução nos homicídios pode estar relacionada a melhorias nas políticas de prevenção e resposta rápida.
O aumento nas tentativas de feminicídio, porém, sinaliza que a violência não está diminuindo em intensidade. Pode indicar maior capacidade de intervenção antes que os crimes se consumem, mas também revela que mais mulheres continuam em situação de risco extremo.
A persistência de mais de 257 mil casos de lesão corporal doméstica mostra que a violência cotidiana contra mulheres permanece em patamares elevados. Os dados reforçam a necessidade de políticas integradas que abordem desde a prevenção até o atendimento às vítimas e a responsabilização dos agressores.