O Grupo de Pesquisa Histórica do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro desenvolveu metodologia pioneira que utiliza cruzamento de dados para localizar e preservar processos judiciais de relevância histórica. A iniciativa, vencedora do Prêmio Memória do Judiciário, permite identificar documentos que são fontes fundamentais para reconhecimento da história do Judiciário brasileiro.
Técnica de cruzamento de fontes
A metodologia baseia-se no cruzamento de fontes midiáticas, especialmente jornais da época, com sistemas informatizados de gerenciamento arquivístico. O trabalho permite rastrear sujeitos históricos que receberam destaque social e identificar processos judiciais relacionados a conflitos entre pessoas físicas e jurídicas.
Desde 2015, foram identificados 21.251 casos e personalidades em periódicos e obras bibliográficas, resultando na seleção de 11.149 processos físicos. Desse total, 3.261 processos foram recolhidos ao Acervo Permanente, preservando memória judicial importante para pesquisadores e sociedade.
Casos emblemáticos recuperados
Entre as descobertas está o processo de Albertina Ferreira Gonçalves, assassinada em 1914 durante Carnaval por ex-noivo inconformado com fim do relacionamento. Braz Florençano disparou seis tiros e foi condenado a 21 anos de prisão pela Câmara da Corte de Apelação.
A pesquisa sobre violência contra mulher entre 1900 e 2020 revelou “história do silêncio”, demonstrando evolução social e jurídica no tratamento desses casos. O trabalho também abrange processos relacionados à ditadura militar, manifestações culturais e formação do samba carioca, incluindo documentos sobre Tia Ciata.