O governo americano iniciou uma investigação comercial contra o Brasil que questiona práticas consideradas desleais em áreas como pagamentos eletrônicos, propriedade intelectual e comércio digital. A apuração, conduzida pelo USTR (Escritório do Representante do Comércio dos EUA), foi aberta a pedido do presidente Donald Trump e pode resultar em novas sanções econômicas ao país.
O documento oficial da investigação inclui o Pix entre as práticas questionáveis, classificando o sistema de pagamentos instantâneos como uma possível concorrência desleal aos serviços americanos. Segundo o relatório, o Brasil promove de forma inadequada seus serviços de pagamento eletrônico desenvolvidos pelo governo.
A crítica ao Pix está diretamente relacionada às barreiras impostas pelo Banco Central brasileiro durante o lançamento do WhatsApp Pay, em junho de 2020. O sistema da Meta foi bloqueado cinco meses antes do lançamento oficial do Pix, gerando tensões comerciais entre os dois países.
Rua 25 de Março no centro das críticas
O USTR destaca a tradicional rua comercial paulistana como símbolo das falhas brasileiras no combate à pirataria e falsificação. Para os americanos, a região permanece há décadas como um dos maiores mercados de produtos ilegais do mundo, apesar das operações policiais direcionadas.
O documento critica a falta de penalidades efetivas e medidas dissuasivas para interromper o comércio de produtos falsificados, consoles modificados e dispositivos de streaming ilegal. Segundo a análise americana, essas práticas prejudicam diretamente os trabalhadores do setor de inovação e criatividade dos Estados Unidos.
A investigação aponta ainda que as falhas na proteção de direitos autorais criam barreiras para canais legítimos de distribuição de conteúdo, impactando negativamente empresas americanas do setor de entretenimento e tecnologia.
Múltiplas frentes de investigação
Além dos pagamentos eletrônicos e propriedade intelectual, a apuração americana abrange questões como tarifas preferenciais consideradas injustas, acesso limitado ao mercado de etanol e práticas anticorrupção inadequadas. O desmatamento ilegal na Amazônia também integra a lista de preocupações comerciais.
Jamieson Greer, representante americano para o comércio, justificou a abertura da investigação como resposta aos “ataques do Brasil às empresas de rede social americanas e outras práticas comerciais injustas”. A declaração reforça a posição mais agressiva do governo Trump nas relações comerciais internacionais.
Riscos econômicos para o Brasil
A investigação representa riscos significativos para a economia brasileira, com potencial para gerar sanções comerciais de difícil reversão. O histórico de disputas similares indica que as medidas punitivas podem afetar diversos setores da economia nacional.
O timing da investigação, logo no início do segundo mandato de Trump, sinaliza uma possível escalada nas tensões comerciais entre os dois países. A abordagem mais protecionista do governo americano pode impactar acordos comerciais futuros e investimentos bilaterais.