Após depor por cerca de três horas na sede do Supremo Tribunal Federal, nesta quinta-feira (21.11), o tenente-coronel do Exército Mauro Cid teve o acordo de delação premiada validado pelo ministro Alexandre de Moraes. Moraes considerou que Cid esclareceu as omissões e contradições apontadas pela Polícia Federal.
As informações seguem sob apuração das autoridades competentes. O depoimento do ex-ajudante de Ordens de Bolsonaro e o relatório da Polícia Federal serão encaminhados ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, que deve se manifestar na semana que vem.
Na terça-feira (19.11), Mauro Cid esteve na sede da Polícia Federal e durante um depoimento de cerca de três horas negou ter conhecimento do plano golpista arquitetado por quatro militares e um policial federal para impedir a posse de Luiz Inácio da Silva e de Geraldo Alckmin, que incluia a execução de Lula, Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, do STF.
O ex-ajudante de Ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro disse não lembrar dos arquivos encontrados em seu notebook relacionados ao plano golpista. Cid é citado 30 vezes no inquérito que resultou na prisão dos quatro militares e do policial federal, na terça-feira, após determinação do ministro Moraes.
Segundo descrito no processo, os indícios do monitoramento de Moraes foram identificados, inicialmente, a partir das análises dos dados armazenados no aparelho celular do tenente-coronel Mauro Cid, em especial pela identificação de mensagens compartilhadas entre o referido investigado e Marcelo Câmara.
Cid fechou acordo de colaboração premiada após ter sido preso no âmbito do inquérito que apura fraudes em certificados de vacinação contra a covid-19. Depois do acordo, ele foi solto, mas teve a prisão decretada novamente em março deste ano por descumprimento de cláusulas do acordo. No momento, ele se encontra em liberdade provisória concedida por Moraes.
Na delação, o ex-ajudante de Ordens cooperou com as investigações sobre a tentativa de golpe de Estado no governo Bolsonaro e sobre o esquema de venda de joias e presentes entregues ao ex-presidente por autoridades estrangeiras, no qual também está implicado.
Em entrevista à Agência Brasil, no domingo (17), o advogado de Cid, Cezar Bittencourt, disse que não há nenhuma preocupação da defesa de que o acordo de delação seja reavaliado. Segundo Bittencourt, é comum que novas informações surjam durante o inquérito e a polícia procure novamente as pessoas que estão sendo investigadas.
Se a PF concluir que Mauro Cid não cumpriu as obrigações do acordo, o ex-ajudante de ordens poderá ser alvo de um pedido de rescisão da colaboração. A medida não anularia a delação, mas cancelaria os benefícios, entre eles, o direito de permanecer em liberdade.
Com informações da Agência Brasil