O empresário e lobista Andreson de Oliveira Gonçalves se dizia advogado, mas não possui carteira da OAB. Ele foi preso preventivamente em Cuiabá, na manhã desta terça-feira (26.11), pela Polícia Federal, com autorização do ministro Cristiano Zanin Martins, do Supremo Tribunal Federal. Conforme informações da PF, Gonçalves é suspeito de liderar um esquema de venda de decisões judiciais envolvendo assessores de ministros do STJ e integrantes de outros tribunais.
Ele é apontado como a peça central em um suposto esquema de corrupção que inclui advogados, empresários, assessores, chefes de gabinete e desembargadores e, de acordo com as investigações, tinha acesso antecipado a decisões judiciais e negociava influências para beneficiar interesses específicos.
TENSÃO NO JUDICIÁRIO
Embora fosse esperada, a Operação Sisamnes aumentou o clima de tensão e apreensão entre ministros e servidores de tribunais superiores e do Conselho Nacional de Justiça, devido às investigações em curso para apurar denúncias de venda de sentenças no Superior Tribunal de Justiça.
Em reservado, também integrantes do Tribunal Superior do Trabalho e do Tribunal Superior Eleitoral demonstraram preocupação com o impacto das investigações na imagem do Judiciário, mas todos afirmam concordar que, diante das denúncias, o quanto antes os episódios forem esclarecidos será melhor para as instituições envolvidas.
BARRAS DE OURO
A operação de hoje, segundo informações de bastidores do Judiciário, resultou na apreensões de documentos, áudios, computadores e celulares. Na casa de alvos da operação foram encontradas muitas barras de ouro, o que leva a indícios de que os pagamentos de propina priorizavam este tipo de negociação.
Policiais federais também teriam encontrado indícios – por meio de documentos apreendidos anteriormente e já analisados – que os integrantes do esquema tinham acesso a detalhes sobre várias operações policiais antes mesmo que fossem realizadas.