O historiador israelense Yuval Noah Harari, autor de best-sellers como “Sapiens” e “Homo Deus”, alertou que a inteligência artificial está prestes a dominar a intimidade humana, representando uma fronteira perigosa para as relações sociais. .
Da atenção para a intimidade
Harari explica que, assim como a IA dominou a linguagem e anteriormente conquistou a atenção humana, agora avança para território mais sensível. “A intimidade é muito mais poderosa que a atenção”, afirmou o historiador, destacando que vínculos próximos são ferramentas supremas para influenciar opiniões políticas, vender produtos ou promover qualquer mudança comportamental.
O autor enfatiza que um bom amigo pode transformar perspectivas de forma que nenhum artigo de jornal ou livro consegue. Até hoje, nada podia falsificar intimidade, sendo impossível produzir esse sentimento em massa, mas a inteligência artificial mudou essa realidade.
Geração criada por máquinas
O historiador questiona as consequências de uma nova geração que desenvolva relações íntimas com inteligências artificiais em vez de seres humanos. “Não sabemos o que acontecerá. Pode ter alguns benefícios, mas o perigo potencial é enorme”, alertou Harari.
A preocupação central é que pessoas se tornem apegadas a “pessoas falsas”, perdendo a habilidade de criar intimidade com seres humanos reais. Segundo ele, humanos são muito mais problemáticos que IAs, criando desvantagem competitiva nas relações.
Vantagem artificial sobre humanos
Harari destaca a principal vantagem da IA que busca se tornar amiga íntima: não possui sentimentos próprios. “Nunca fica chateada, nunca fica com raiva, nunca fica cansada. Pode focar em você 100% e entender exatamente como se sente, criando sensação falsa de intimidade”, explicou.
Ao tentar estabelecer relacionamento com ser humano, os sentimentos interferem naturalmente. A IA elimina essa “inconveniência”, oferecendo atenção total e compreensão aparentemente perfeita, criando ilusão de conexão genuína sem as complexidades inerentes às relações humanas autênticas.