O governo brasileiro avalia medidas para suspender cooperação militar com Israel devido aos ataques na Faixa de Gaza, classificados pelo Executivo como genocídio do povo palestino, segundo confirmou a Assessoria Especial da Presidência.
O assessor-chefe especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Celso Amorim, disse à Agência Brasil que é fundamental adotar medidas coerentes com princípios humanitários. “Pessoalmente, acredito que a escalada dos massacres em Gaza, que constituem verdadeiro genocídio com milhares de civis mortos, incluindo crianças, é algo que não pode ser minimizado”, afirmou Amorim.
O diplomata defendeu que “o Brasil precisa, inclusive, por meio das medidas apropriadas, ser coerente com os princípios humanitários e de direito internacional que sempre defendeu”.
Pressão parlamentar cresce por ruptura total
Esta semana, Amorim recebeu um grupo de 20 parlamentares e outras lideranças que pediram ao governo o rompimento completo das relações diplomáticas e comerciais com Israel. A deputada Natália Bonavides (PT-RN), que articulou o encontro, explicou que o governo estuda essas medidas.
“Simplesmente, um extermínio que está sendo televisionado. O Brasil tem tido um papel importante nesse tema ao longo da história”, declarou Bonavides em rede social. Segundo a parlamentar, o governo pode anunciar “nos próximos dias” ações relacionadas ao tema.
A deputada classificou a situação como “desumana” e alertou: “Se a gente naturaliza a barbárie, a maldade no mundo não tem limites”.
Governo prefere ruptura militar à diplomática
O Planalto considera que o rompimento total das relações diplomáticas seria complexo e poderia prejudicar brasileiros residentes em Israel e palestinos. Por isso, avalia que a suspensão da cooperação militar seria uma resposta mais adequada à escalada da violência.
A medida incluiria o cancelamento de contratos e cooperação no setor de defesa, em resposta ao cerco contra Gaza e à expansão dos assentamentos israelenses na Cisjordânia, considerados ilegais pelo direito internacional.
No início deste ano, o governo já cancelou a compra de blindados israelenses prevista pelo Ministério da Defesa em função da situação em Gaza.
Movimento sindical também pressiona governo
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) publicaram carta aberta pedindo que a Petrobras suspenda a venda de petróleo para Israel. “Hoje, é evidente a necessidade urgente de um embargo global total de energia e armas para frear o genocídio”, disseram as federações em nota conjunta.
As entidades defenderam “desmantelar o apartheid e a ocupação ilegal por Israel” e exigiram “responsabilização por crimes de guerra e sanções não apenas como dever moral, mas também como responsabilidade legal de todos os Estados”.
O movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), liderado por palestinos, pressiona há anos por boicote contra Israel em resposta à ocupação da Cisjordânia e ao cerco de Gaza, mantido desde 2007.
Israel vê movimento como ameaça existencial
Tel Aviv considera que o BDS representa ameaça à existência do Estado israelense. O governo israelense encara o movimento como tentativa de deslegitimar Israel perante a comunidade internacional e prejudicar sua economia.
A pressão sobre o governo brasileiro cresce à medida que aumenta a mobilização social e política pelo rompimento das relações com Israel, em resposta ao que consideram genocídio do povo palestino.