O número de mortos pelas devastadoras enchentes no Texas Central ultrapassou 100 pessoas na segunda-feira à noite, enquanto as chances de encontrar mais sobreviventes diminuem no quarto dia de buscas. Entre as vítimas estão pelo menos 27 campistas e funcionários de um único acampamento de verão, onde 11 pessoas ainda permanecem desaparecidas.
As inundações atingiram a região durante o feriado de 4 de julho, transformando-se numa das catástrofes naturais mais mortais das últimas décadas nos Estados Unidos. As águas violentas do Rio Guadalupe arrastaram casas inteiras, derrubaram árvores centenárias e deixaram rastros de destruição por vários condados texanos.
O tenente-governador do Texas, Dan Patrick, reconheceu que vidas poderiam ter sido poupadas se houvesse sirenes de alerta contra enchentes ao longo do rio. Autoridades do Condado de Kerr haviam considerado anteriormente a instalação dos equipamentos, mas recuaram devido aos custos elevados.
Buscas desesperadas continuam
Centenas de pessoas participam das operações de busca e resgate, incluindo equipes especializadas vindas de outros estados. Os socorristas encontraram alguns sobreviventes agarrados a árvores e flutuando em móveis, mas as esperanças diminuem a cada hora que passa.
O prefeito de Kerrville, Joe Herring Jr., alertou os moradores para esperarem “uma semana difícil” conforme as chances de encontrar alguém vivo continuam caindo. Ele garantiu que as equipes de resgate seguirão com as buscas, cortando destroços e árvores caídas.
Chris Boyer, diretor executivo da Associação Nacional de Busca e Resgate, explicou que sobreviventes de enchentes violentas normalmente são encontrados rapidamente. “Você precisa chegar a essas pessoas rapidamente”, declarou Boyer em entrevista, acrescentando que “com enchentes, normalmente não se encontram muitas pessoas vivas”.
Acampamento cristão entre os nais atingidos
O Camp Mystic, um acampamento cristão para meninas com quase 100 anos de história, foi severamente atingido pelas águas. O local, situado às margens do Rio Guadalupe, perdeu 27 pessoas entre campistas e conselheiros, com 10 meninas e uma conselheira de 19 anos ainda desaparecidas.
Katherine Ferruzzo, de 19 anos, conselheira do acampamento, está entre os desaparecidos. Sua família divulgou comunicado afirmando que “Katherine tem um espírito feroz e amoroso, e não temos dúvidas de que ela fez tudo o que pôde para salvar as vidas das meninas em sua cabana”.
As buscas no acampamento foram complicadas por destroços e vegetação densa carregados pelas águas. Voluntários a cavalo conseguem acessar áreas onde barcos e veículos todo-terreno não conseguem chegar.
Mais chuvas ameaçam a região
O Serviço Nacional de Meteorologia alertou para risco de novas enchentes durante a noite de segunda-feira. Entre duas e três polegadas de chuva podem cair por hora conforme tempestades de movimento lento atravessam a área.
“Qualquer tempestade que se mova através desta região extremamente vulnerável causará rapidamente enchentes repentinas”, alertaram os meteorologistas. A previsão indica que chuvas isoladas podem atingir até 10 polegadas em alguns pontos.
As operações de busca foram brevemente suspensas no domingo devido a chuvas que causaram pequena elevação no nível do Rio Guadalupe. Um helicóptero de resgate foi forçado a fazer pouso de emergência após colidir com drone privado operando em espaço aéreo restrito.
Autoridades pedem ajuda e prometem investigação
O senador Ted Cruz, republicano do Texas, prometeu “exame cuidadoso do que aconteceu” para prevenir futuras perdas de vidas por enchentes repentinas. O líder democrata no Senado, Chuck Schumer, solicitou investigação sobre possíveis cortes federais no Serviço Nacional de Meteorologia.
O presidente Donald Trump está programado para visitar a área do desastre na sexta-feira. Autoridades coordenam a visita para garantir que não interfira nos esforços de recuperação em andamento.
Organizações de caridade estabeleceram fundos de ajuda para as vítimas, enquanto voluntários continuam chegando de outros estados com suprimentos e equipamentos especializados. A Cruz Vermelha e outras entidades pedem doações financeiras em vez de voluntários físicos para evitar atrapalhar as operações de resgate.