O presidente Luiz Inácio Lula da Silva publicou um artigo de opinião no New York Times direcionado a Donald Trump, criticando duramente as tarifas de 50% impostas pelo governo americano aos produtos brasileiros. No texto, o petista argumenta que as medidas carecem de justificativa econômica e têm motivação política relacionada ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Lula afirma que os Estados Unidos acumularam superávit comercial de US$ 410 bilhões com o Brasil nos últimos 15 anos. Segundo o presidente brasileiro, 75% das exportações americanas entram no país sem taxas alfandegárias.
O presidente brasileiro calcula que a tarifa média efetiva sobre produtos americanos é de apenas 2,7%. Oito dos dez principais itens comercializados enfrentam tarifa zero, incluindo petróleo, aeronaves, gás natural e carvão.
Acusação de motivação política
Lula acusa o governo Trump de usar as tarifas como instrumento político para beneficiar Bolsonaro. O presidente cita declarações do vice-secretário de Estado Christopher Landau a empresários brasileiros sobre o uso de tarifas e da Lei Magnitsky.
Segundo Lula, Washington busca impunidade para o ex-presidente, que teria orquestrado uma tentativa de golpe fracassada em 8 de janeiro de 2023. O petista defende a decisão do Supremo Tribunal Federal que condenou Bolsonaro.
O presidente brasileiro rejeita caracterizar o julgamento como “caça às bruxas” e destaca que o processo seguiu a Constituição de 1988. Lula menciona que as investigações descobriram planos para assassiná-lo, ao vice-presidente e a um ministro do STF.
Defesa do sistema brasileiro
O presidente rebate acusações americanas de perseguição a empresas de tecnologia dos Estados Unidos no Brasil. Lula argumenta que todas as plataformas digitais, nacionais ou estrangeiras, seguem as mesmas leis no país.
O petista defende que regulamentação não é censura, especialmente quando visa proteger famílias contra fraudes, desinformação e discurso de ódio. Segundo ele, a internet não pode ser terra sem lei onde predadores ameaçam crianças e adolescentes.
Lula também defendeu o sistema de pagamentos digitais PIX, rebatendo alegações de práticas desleais. O presidente afirma que o mecanismo promoveu inclusão financeira de milhões de cidadãos e empresas brasileiras.
Questão ambiental
Sobre meio ambiente, Lula destaca que o Brasil reduziu pela metade a taxa de desmatamento na Amazônia nos últimos dois anos. Em 2024, a polícia brasileira apreendeu centenas de milhões de dólares em bens usados em crimes ambientais.
O presidente alerta que a Amazônia continuará em perigo se outros países não reduzirem emissões de gases de efeito estufa. Segundo ele, o aquecimento global pode transformar a floresta em savana, afetando padrões de chuva em todo o hemisfério.
Proposta de diálogo
Lula encerra o artigo propondo negociações que tragam benefícios mútuos entre Brasil e Estados Unidos. O presidente enfatiza que democracia e soberania brasileiras não estão em negociação, mas mantém-se aberto ao diálogo.
O petista cita discurso de Trump na ONU em 2017 sobre respeito mútuo entre nações soberanas. Lula defende que Brasil e Estados Unidos são grandes nações capazes de cooperar para o bem de brasileiros e americanos.