A Operação Sisamnes, que investiga a venda de decisões judiciais no âmbito do Superior Tribunal de Justiça e tribunais de Justiça, deverá ter desdobramentos, a partir da análise do material recolhido pela Polícia Federal na busca e apreensão nas casas e escritórios dos alvos. A operação foi deflagrada nesta terça-feira (26.11) e, segundo fontes do Judiciário, outros servidores desses tribunais poderão ser implicados com base em informações colhidas nessas buscas.
Nas duas petições do ministro Cristiano Zanin – relator do caso no Supremo Tribunal Federal e quem autorizou a operação – ele afirma que “as provas produzidas trouxeram indícios concretos de materialidade e autoria de crimes”.
Na terça-feira, a PF cumpriu um mandado de prisão preventiva e 23 de busca e apreensão em Mato Grosso, Pernambuco e no Distrito Federal.
O que as investigações mostram sobre cada um dos alvos da operação:
Andreson Gonçalves, empresário e lobista
Junto com o advogado Roberto Zampieri, assassinado em 2023, o empresário e lobista é considerado o principal elo do esquema criminoso de venda de decisões judiciais. Os indícios foram encontrados em mensagens analisadas no celular do advogado falecido e em tudo o que já se investigou sobre sua conduta.
João Ferreira Filho, desembargador afastado do TJMT
Nas petições que autorizaram a operação, o ministro Cristiano Zanin ressaltou que o material avaliado até agora revelou “contatos e diálogos intensos e rotineiros” do magistrado com Zampieri, indicando, “solicitações e recebimentos de vantagens financeiras indevidas”.
Sebastião de Moraes Filho, desembargador afastado do TJMT
Segundo o documento, mensagens deram a entender que Zampieri ajudou o filho do magistrado a fechar um contrato, depois que ele pediu vista de um processo envolvendo determinado empresário. Foram encontrados, ainda, “pagamentos realizados diretamente em benefício do magistrado, embora a finalidade exata desses valores não tenha sido esclarecida”.
Mauro Thadeu Prado de Moraes, filho do desembargador Sebastião Filho
É investigado por participação no esquema recebendo eventuais “favores” e pagamentos em nome do pai.
Valdoir Slapak, advogado
É investigado por atuar no esquema ao lado de Andreson Gonçalves e Roberto Zampieri.
Rodrigo Vechiato da Silveira, assessor do gabinete do desembargador Sebastião Filho
É investigado por ser citado em várias conversas dos integrantes do esquema e por também ter trocado mensagens com o grupo sobre negociação de valores e processos em tramitação.
Miriam Gonçalves, advogada
Mulher de Andreson de Oliveira Gonçalves, é citada pelo ministro como uma profissional que “tinha papel ativo no esquema”.
Daimler Alberto de Campos, servidor afastado do STJ
Atuava como chefe de gabinete e, conforme o relatório, foi mencionado como responsável por cobranças relacionadas a decisões.
Márcio José Toledo Pinto, servidor do STJ
Está sendo investigado porque as investigações em curso levaram à suspeita de que ele poderia ter incluído minutas internas em dois processos específicos.
Rodrigo Falcão de Oliveira Andrade, servidor do STJ
Também chefe de gabinete, é investigado como alguém que fazia contato constante com Andreson.