O sussurro dos ventos, o murmúrios dos mares, o estrondo dos trovões, o canto dos pássaros. A natureza toca a sua música e oferece uma rica e diversificada paleta sonora, uma permanente inspiração, desde sempre, para a criação de instrumentos. Ao longo da história, os humanos fazem da música um profundo meio de conexão com o mundo ao seu redor e os instrumentos não apenas refletem a sua engenhosidade, mas também revelam uma relação íntima entre a cultura e o ambiente natural.
Como tem feito nos últimos anos, em celebração à Semana do Meio Ambiente, a OSESP – Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo – apresenta uma programação especial em que a relação entre instrumentos musicais e os sons da natureza é uma celebração da criatividade humana e de sua conexão inata com o ambiente natural. Seja imitando o canto dos pássaros, o som da chuva ou o rugido do vento, esses instrumentos nos lembram da beleza e do poder da natureza, além de enriquecerem nossa experiência musical e espiritual. Num mundo cada vez mais urbanizado, os instrumentos que evocam a natureza servem como um lembrete sonoro de nossas raízes e da importância de preservar o nosso planeta.
Entre quinta-feira, 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, e sábado, 7, a OSESP apresenta na Sala São Paulo três concertos celebrando a Semana do Meio Ambiente. A maestra búlgara Delyana Lazarova faz sua estreia à frente da orquestra, dirigindo a obra de uma conterrânea, Dobrinka Tabakova, autora da Suíte da Terra: Madeira e aço. Em seguida mergulhamos nos Quatro interlúdios do mar, que fazem parte da ópera Peter Grimes, do compositor britânico Benjamin Britten. Na segunda parte, Os planetas, do também inglês Gustav Holst, tem sete movimentos que correspondem a corpos celestes do sistema solar.
A compositora Dobrinka Tabakova (1980) “entende a composição musical como uma experiência ecológica ‘plenamente abrangente’ que é frequentemente catalisada pela materialidade do mundo”, destaca o pesquisador e pianista Igor Reis Reyner nas Notas do Programa. A Osesp toca o terceiro movimento da Suíte da Terra (2019) “Madeira e Aço”. O título, ainda segundo Reyner, “alude especialmente à madeira das marimbas e às intervenções dos metais da orquestra que, gradual e maquinalmente, impelem a obra”.
Na ópera Peter Grimes (1945), Britten (1913-1976), como destaca o professor Jorge de Almeida, reflete “sobre as ambiguidades morais, tensões sociais e crises psicológicas de uma geração traumatizada pela guerra”. A Osesp executa os quatro interlúdios orquestrais presentes na ópera e que foram reunidos posteriormente nessa suíte sinfônica, que, segundo Almeida, “apresenta o mar sob diferentes aspectos: vasto e sereno, acolhedor, reflexivo e destrutivo”. São eles Aurora, Manhã de Domingo, Luar e Tempestade.
Os Planetas, obra composta entre 1914 e 1916 por Gustav Holst (1874-1934) é um dos mais emblemáticos poemas sinfônicos do século XX. Inspirado pela astrologia mais do que pela astronomia, Holst buscou capturar o caráter e a influência simbólica de cada planeta na psique humana, criando uma narrativa rica e evocativa. Por isso, como observa Jorge de Almeida nas Notas do Programa, trata-se de “meditação filosófica e musical sobre os arquétipos mitológicos associados a cada um dos sete planetas do horóscopo moderno”. Por isso, diz ele, “como sua concepção é astrológica, a obra não segue a ordem astronômica do sistema solar, e também não inclui a Terra (nosso ponto de observação do céu estrelado) e nem Plutão (descoberto apenas em 1930 e que deixou de ser considerado um planeta em 2006)”.
Os sete movimentos do poema sinfônico são: Marte, O Portador da Guerra; Vênus, O Portador da Paz: Mercúrio, O Mensageiro Alado; Júpiter, O Portador da Alegria; Saturno, O Portador da Idade; Urano, O Mago; e Netuno, O Místico.
O concerto pode ser assistido ao vivo pela transmissão de hoje, às 14h30, no Concerto Digital da Osesp, no canal do YouTube. Ou posteriormente, já que a apresentação fica disponível no acervo do canal. VocÊ pode assistí-la agora clicando no v~ideo abaixo.
O link é: