Um apagão sem precedentes na história recente da Península Ibérica deixou milhões de pessoas sem energia elétrica na Espanha e em Portugal, gerando caos em transportes, telecomunicações e serviços públicos. As autoridades investigam a possibilidade de um ciberataque como causa da falha no fornecimento.
Infraestruturas paralisadas e caos nas cidades
O apagão, iniciado por volta do meio-dia desta segunda-feira (28), afetou quase todo o território espanhol — com exceção das Ilhas Baleares e Canárias — e se estendeu por todo o território português. A falha elétrica interrompeu o funcionamento de trens, metrôs, aeroportos, semáforos e elevadores, provocando evacuações em estações e paralisações no trânsito. Em Madri, os túneis da M-30 foram fechados e o serviço de metrô foi interrompido. Em Barcelona, pelo menos 23 evacuações foram realizadas na rede de metrô.
Apesar da gravidade, os hospitais conseguiram manter suas operações essenciais graças ao uso de geradores de emergência. Intervenções cirúrgicas em andamento seguiram normalmente, mas procedimentos não iniciados foram suspensos, com exceção dos casos urgentes.
Ciberataque é a principal linha de investigação
Sem uma explicação oficial imediata, o Centro Nacional de Inteligência (CNI) da Espanha e o governo português apontam para a possibilidade de um ciberataque como causa do colapso. Red Eléctrica, empresa pública responsável pelo sistema elétrico espanhol, iniciou imediatamente protocolos de recuperação em parceria com empresas do setor, prevendo entre seis e dez horas para a normalização completa.
O presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, reuniu-se com ministros no Centro de Controle da Red Eléctrica, enquanto diversas regiões autônomas, como Catalunha, Andaluzia e País Basco, ativaram seus gabinetes de crise. Em Portugal, a Red Eléctrica Nacional confirmou a dimensão nacional da falha e também investiga a possibilidade de ataque cibernético.
Telecomunicações e transporte aéreo sofrem impacto
Além dos sistemas de transporte terrestre, as telecomunicações foram severamente afetadas. Operadoras como Telefónica e Masorange enfrentaram dificuldades, com instabilidade em ligações e serviços de mensagens como o WhatsApp. A internet, embora sustentada por centros de dados com geradores próprios, também corre risco de colapso se a energia não for plenamente restaurada.
Nos aeroportos de Madri-Barajas, Barcelona-El Prat e Lisboa, a queda no fornecimento causou atrasos e confusão entre passageiros. O tráfego aéreo foi reduzido nos principais hubs da Península Ibérica, segundo os controladores aéreos.
Indústria paralisada, mas mercado financeiro opera
Grandes fábricas, como a unidade da Ford em Almussafes e da Iveco em Madri e Valladolid, suspenderam suas operações diante da falta de energia. Trabalhadores foram orientados a aguardar novas instruções.
Apesar da situação crítica em outros setores, a Bolsa de Madri informou que operou normalmente durante toda a crise. A Comissão Nacional do Mercado de Valores (CNMV) assegurou que as infraestruturas financeiras funcionaram sem interrupções, embora alguns bancos tenham registrado problemas de conectividade.
Baleares, Canárias e fronteira francesa pouco afetadas
As Ilhas Baleares e Canárias não foram atingidas pelo apagão devido à sua infraestrutura isolada da rede elétrica continental. Nas ilhas, sistemas independentes e cabos submarinos garantiram o fornecimento.
Na França, apenas algumas cidades próximas à fronteira, como Perpinhã, registraram quedas de energia pontuais, sem maiores consequências em território francês, segundo informações do jornal L’Indépendant.
Autoridades reforçam orientações de segurança
Diante da paralisação do tráfego e do risco elevado de acidentes, a Direção Geral de Trânsito (DGT) da Espanha pediu que a população evitasse sair de carro, salvo em casos de necessidade extrema. Em diversas localidades, agentes de trânsito assumiram o controle manual dos cruzamentos.
A expectativa é de que o fornecimento de energia elétrica seja restabelecido gradualmente nas próximas horas, enquanto prosseguem as investigações para identificar a origem da falha histórica que atingiu a Península Ibérica.