Da redação
O presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, abriu nesta segunda-feira (30) a 3ª edição do Judiciário Sustentável na sede do órgão, destacando que a sustentabilidade deve ser compreendida como um valor institucional permanente e transversal às atividades jurisdicionais e administrativas. A iniciativa, promovida pelo CNJ, tem como objetivo desenvolver boas práticas, fortalecer redes de colaboração e renovar o compromisso do Poder Judiciário com um futuro mais equilibrado e sustentável.
Durante a solenidade de abertura, Barroso enfatizou que os impactos da crise climática são concretos e já afetam significativamente milhões de vidas, transformando a questão ambiental em uma pauta de proteção de direitos fundamentais no presente. O ministro defendeu que o compromisso do Judiciário vai além da mitigação, buscando atuar com responsabilidade, promover soluções inovadoras e manter diálogo transparente com a sociedade e parceiros institucionais.
Redução de 82% no consumo de copos descartáveis
O presidente do CNJ antecipou alguns números que serão divulgados no 9º Balanço de Sustentabilidade do Poder Judiciário, com dados referentes ao ano base de 2024. Entre os destaques está a redução no consumo de copos descartáveis: entre 2015 e 2024, o uso caiu de 3,2 milhões para 582 mil unidades, representando uma redução de aproximadamente 82%.
O balanço também revela avanços substanciais na redução do consumo de papel durante o período analisado, resultado direto dos processos de digitalização de documentos, implementação de sistemas eletrônicos para processos judiciais e administrativos, além de iniciativas específicas para diminuição das impressões nos órgãos do Judiciário.
Programa Justiça Carbono Zero promove descarbonização nos tribunais
Barroso destacou os avanços concretos do Poder Judiciário na agenda socioambiental dos últimos dez anos, citando especificamente o programa Justiça Carbono Zero, que visa promover a descarbonização nos órgãos do Judiciário. A iniciativa tem avançado tanto na redução das emissões quanto na realização das compensações necessárias para neutralizar o impacto ambiental das atividades judiciais.
No próprio STF, o ministro informou que mais de 5 mil mudas foram plantadas como parte dos esforços de compensação ambiental, demonstrando o comprometimento prático da mais alta corte do país com a agenda de sustentabilidade.
Durante o evento, será entregue o Prêmio Juízo Verde 2025, destinado aos tribunais que se destacaram no Índice de Desempenho da Sustentabilidade (IDS) e apresentaram práticas inovadoras alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A premiação representa um mecanismo de reconhecimento e incentivo às melhores práticas desenvolvidas pelos diferentes órgãos do Judiciário.
Herman Benjamin elogia liderança brasileira em sustentabilidade judiciária
O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Herman Benjamin, participou da abertura por videoconferência e defendeu os esforços relacionados à sustentabilidade, afirmando que o Judiciário brasileiro está “a anos-luz na comparação com os demais judiciários do mundo”. Benjamin aprovou que as iniciativas sejam coordenadas e divulgadas pelo CNJ, permitindo que os resultados sejam apresentados à sociedade.
O ministro do STJ destacou que o Balanço de Sustentabilidade do Poder Judiciário, apesar de também promover autoanálise institucional, visa principalmente abrir as portas do Judiciário com dados transparentes. Essa abertura permite que os responsáveis possam ser cobrados pela sociedade e, eventualmente, reconhecidos quando estiverem “fazendo o bem”.
Integração regional exemplifica olhar global da agenda ambiental
A secretária-geral do CNJ, Adriana Cruz, que participou da abertura do evento ao lado do secretário de Estratégias e Projetos, juiz Gabriel Mattos, e dos conselheiros Pablo Coutinho Barreto e Rodrigo Badaró, ressaltou que a recente ação de itinerância de juízes e juízas ao Acre exemplifica o olhar profundo do Judiciário para a pauta ambiental.
“Essa ação tem essa dimensão de integração e de olhar global. Não podemos pensar em desenvolvimento sem olhar para as pessoas”, afirmou Adriana Cruz, destacando a importância de conectar as questões ambientais com as dimensões humanas e sociais do desenvolvimento sustentável.