Sebastião Salgado: o legado do mestre da fotografia para os direitos humanos e ambiental

Reconhecido internacionalmente, Salgado ficou marcado pelo registro de seres humanos vivendo em condições sub-humanas

Da Redação Por Da Redação
23 de maio de 2025
no Direito à Arte, Direitos Humanos, Manchetes, Meio ambiente
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Sebastião Salgado: o legado do mestre da fotografia para os direitos humanos e ambiental

Sebastião Salgado faleceu hoje, aos 81 anos, em Paris, deixando um legado imensurável que transcende a arte fotográfica. Mais que um dos maiores fotógrafos do mundo, Salgado transformou sua câmera em um poderoso instrumento de denúncia social e defesa dos direitos fundamentais, contribuindo decisivamente para a evolução tanto do direito ambiental quanto dos direitos humanos no Brasil e no mundo.

Reconhecido internacionalmente por seu trabalho, Salgado ficou marcado pelo registro de seres humanos vivendo em condições sub-humanas. Seu trabalho denunciou as mazelas da sociedade em mais de 40 países e chamou a atenção para a importância da justiça social e da preservação do meio ambiente.

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A obra de Sebastião Salgado representa um marco na fotografia documental com impacto jurídico. O uso da imagem em defesa dos direitos humanos tornou-se uma das principais características de seu trabalho, estabelecendo precedentes importantes para o fotojornalismo como ferramenta de advocacy e transformação social.

Serra Pelada: Marco dos Direitos Trabalhistas

Durante a produção da série, Sebastião Salgado realizou um dos trabalhos pelo qual é mais lembrado: o registro de garimpeiros na Serra Pelada, no Pará, que revela as condições desumanas em que a extração do ouro ocorria. Essas imagens, capturadas em 1986, explicitando a situação miserável daquelas pessoas.

Durante mais de dez anos a mina de Serra Pelada alimentou os sonhos daqueles homens, submetidos a condições desumanas e jornadas extenuantes de trabalho. As fotografias de Salgado documentaram violações sistemáticas dos direitos trabalhistas e da dignidade humana, contribuindo para o debate público sobre regulamentação da mineração e proteção dos trabalhadores.

Uma das imagens da série, a obra “Mina de Ouro de Serra Pelada, Estado do Pará, Brasil”, foi eleita pelo jornal New York Times como uma das 25 imagens que definem a modernidade, demonstrando o impacto global de sua denúncia social.

Contribuição para os Direitos Humanos

Ele foi nomeado Embaixador da Boa Vontade da UNICEF desde 2001. Nesta função, Salgado utilizou sua influência e reconhecimento internacional para promover os direitos das crianças e adolescentes, especialmente os mais vulneráveis.

No dia 3 de abril, o fotógrafo foi indicado para ser representante especial do UNICEF, consolidando seu papel como defensor ativo dos direitos humanos através de organizações internacionais.

Documentação de Crises Humanitárias

O fotógrafo também se dedicou a registrar a vida de migrantes, desabrigados e refugiados nos livros “Exôdos” e “Retratos de Crianças do Êxodo”. Para o projeto, ele viajou durante seis anos por mais de 40 países.
Sebastião Salgado conta com tristeza em seu último livro, Da minha terra à Terra, ter visto rios inteiros cobertos por corpos, de uma margem a outra, referindo-se ao genocídio em Ruanda, demonstrando como suas fotografias serviram como registro histórico de violações massivas dos direitos humanos.

Colaboração com Organizações Humanitárias

Estes fatos contribuíram para que Sebastião Salgado se tornasse membro colaborador de diversas instituições ao redor do mundo, como por exemplo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), Organização Mundial da Saúde (OMS), Médicos sem Fronteiras e a Anistia Internacional.

Pioneirismo no Direito Ambiental

Fundado por Lélia Wanick Salgado e Sebastião Salgado em 1998, o Instituto Terra é referência quando o assunto é restauração ecossistêmica, desenvolvimento sustentável e educação ambiental. Muito além do reflorestamento da área da antiga fazenda, o trabalho desenvolvido pelo Instituto inclui a conservação e restauração ecológica e ambiental tanto de áreas de mata nativa como de nascentes degradadas da Bacia Hidrográfica do Rio Doce.

2 mil hectares de terra foram reflorestados desde a fundação da organização; 2 mil nascentes estão em processo de recuperação. Estes resultados concretos influenciaram políticas públicas ambientais e serviram como modelo para outras iniciativas de restauração.

O projeto, que o KfW está financiando com 13 milhões de euros, inclui o reflorestamento de mais 2200 hectares de vegetação florestal e a reativação de mais de 2000 nascentes e cursos de água, demonstrando o reconhecimento internacional do modelo desenvolvido por Salgado.

Advocacia através da arte

A obra de Salgado estabeleceu precedentes importantes para a documentação de violações de direitos. Suas fotografias serviram como evidência em discussões sobre condições de trabalho, direitos trabalhistas e proteção de comunidades vulneráveis. Ele demonstrou como a arte de fotografar pode ser instrumento eficaz de mudança social e política. Suas denúncias contribuíram para maior pressão sobre empresas em relação a práticas laborais e ambientais.

Com toda essa prática, o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado evidenciou como sua obra se tornou objeto de estudo acadêmico em faculdades de direito.

Reconhecimento Internacional

O mineiro foi reconhecido com alguns dos principais prêmios da fotografia mundial, como o Eugene Smith de Fotografia Humanitária, dois Prêmios ICP Infinity de Jornalismo, o Prêmio Erna e Victor Hasselblad.
Uma de suas maiores honrarias veio em 2017, pois ele tomou posse da cadeira n.º 1, das quatro de fotógrafos, na Academia de Belas Artes da França. Foi o único brasileiro a receber tal honraria.

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