O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) foi alvo de busca e apreensão na manhã desta sexta-feira (25/10), em operação da Polícia Federal que investiga uma associação criminosa voltada para desvio de recursos públicos por meio de cota parlamentar. A operação foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, com aval da Procuradoria Geral da República. O deputado teve o celular apreendido.
Moraes também autorizou mandados de busca e apreensão e de busca pessoal de outras 17 pessoas, entre elas, assessores parlamentares. Todos são investigados por integrar suposta associação voltada para o desvio de cotas parlamentares de Gayer, apontado como líder do esquema que funcionava, segundo as investigações, tanto no gabinete do parlamentar quanto nas empresas privadas associadas a ele e à sua família.
O ministro determinou ainda que, após cumpridas as buscas e apreensões, a PF colha o depoimento dos investigados, bem como de outras pessoas com as quais eles tenham interagido para possível cooptação ou incitação dos crimes de que são suspeitos.
A decisão foi tomada após representação apresentada pela PF e manifestação favorável do procurador-geral da República, Paulo Gonet. As apurações tiveram origem em outra investigação sobre financiamento dos atos antidemocráticos ocorridos em 8 de janeiro de 2023.
Entenda o caso
Segundo as investigações, Gayer teria desviado recursos públicos de verbas parlamentares para financiar suas empresas particulares, como uma escola de inglês e uma loja de camisetas em Goiânia.
Há ainda a suspeita de que o deputado teria participado ativamente na criação e manipulação de entidades fictícias para desviar verbas por meio de emendas parlamentares.
A operação foi chamada de “Discalculia” – nome dado a um transtorno de aprendizagem relacionado a dificuldades com matemática, porque foi identificada uma ata falsificada nos documentos de criação da organização social. No quadro social da entidade havia nomes de crianças com idades entre um e nove anos.
Além do desvio de recursos públicos por meio de cota parlamentar, a PF também apura falsificação de documentos para criação de Organização de Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP).
Cerca de 60 policiais cumprem 18 mandados em Brasília (DF), Cidade Ocidental (GO), Valparaíso de Goiás (GO), Aparecida de Goiânia (GO), e Goiânia (GO). Foram apreendidos mais de R$ 70 mil na casa de um assessor.
Defesa
Em vídeo postado em uma rede social, Gayer disse que foi acordado às 6h com agentes da PF em sua casa e negou envolvimento em esquemas.
A nota da defesa do deputado diz:
Uma operação da Polícia Federal a dois dias da eleição municipal, determinada por Alexandre de Moraes, nos causa bastante estranheza.
O que nós sabemos até o presente momento é que se trata de um processo físico e sigiloso, onde nem mesmo os advogados têm acesso de imediato ao seu conteúdo.
Já estamos providenciando a habilitação nos autos, que poderá ser admitida somente por Alexandre de Moraes, sem prazo certo e determinado.
Entendemos que ações deste tipo não podem ser deflagradas no ápice do processo eleitoral, posto que atos judiciários interferem diretamente na política local, o que coloca em xeque a seriedade das decisões.