A balança comercial brasileira apresentou saldo positivo de US$ 6,133 bilhões em agosto, representando crescimento de 35,8% comparado ao mesmo período de 2024. O resultado foi divulgado pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio nesta quinta-feira (4). O desempenho ocorreu mesmo com impacto das tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros.
As exportações brasileiras para território americano registraram queda de 18,5% no período analisado. A redução reflete tanto a aplicação das tarifas determinadas pelo presidente Donald Trump quanto possível antecipação de compras. O movimento ocorreu durante período de incerteza sobre quais taxas seriam efetivamente aplicadas aos produtos brasileiros.
Antecipação de embarques afetou agosto
Herlon Brandão, diretor do Departamento de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior do ministério, explicou o fenômeno observado. “Muito provavelmente a incerteza que houve em relação à tarifa em julho gerou uma antecipação de embarques”, declarou Brandão à imprensa. Segundo o diretor, isso “fez com que o embarque de alguns produtos – mesmo não tarifados – caísse em agosto”.
As exportações brasileiras totais alcançaram US$ 29,861 bilhões no mês, registrando alta de 3,9% ante agosto anterior. As importações somaram US$ 23,728 bilhões, apresentando recuo de 2% na mesma base comparativa. O saldo positivo foi impulsionado principalmente pelo desempenho do setor agropecuário e da indústria extrativa.
Agronegócio impulsiona resultados positivos
O setor agropecuário mostrou resiliência com crescimento de 8,3% nas exportações durante agosto. A indústria extrativa registrou expansão ainda maior, com alta de 11,3% nos embarques externos. Já a indústria de transformação apresentou retração de 0,9% nas vendas para o exterior.
No lado das compras internacionais, as importações agropecuárias subiram 0,4% no período analisado. A indústria extrativa mostrou forte crescimento de 26,5% nas importações, enquanto a transformação recuou 3,8%. Esses movimentos refletem diferentes dinâmicas setoriais na economia brasileira durante o mês.
China compensa perdas do mercado americano
As vendas para China, Hong Kong e Macau apresentaram crescimento robusto de 29,9% em agosto. O bloco asiático representa o principal destino das exportações brasileiras atualmente. As vendas totais para toda região asiática aumentaram 16,58% no período, compensando perdas em outros mercados.
As exportações para América do Norte registraram queda de 9,9%, reflexo direto do impacto das tarifas americanas. América do Sul mostrou comportamento oposto, com alta de 14,3% nas compras de produtos brasileiros. Europa apresentou redução de 5,3% nas importações do Brasil durante agosto.
Desempenho acumulado do ano
No acumulado de janeiro a agosto, as exportações brasileiras somam US$ 227,583 bilhões, alta modesta de 0,5%. As importações alcançaram US$ 184,771 bilhões, com crescimento mais expressivo de 6,9% no período. A corrente de comércio total atingiu US$ 412,354 bilhões, representando ganho de 3,2%.
O resultado demonstra capacidade de adaptação do comércio exterior brasileiro diante de cenário internacional desafiador. A diversificação de mercados tem sido fundamental para manter o equilíbrio da balança comercial. O setor agropecuário continua sendo pilar importante para sustentação dos saldos positivos brasileiros.