O relatório da Polícia Federal, encaminhado nesta terça-feira (26.11) à Procuradoria–Geral da República pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, aponta o ex-presidente Jair Bolsonaro como figura central do plano golpista para mantê-lo no poder, mesmo tendo perdido as eleições. O relatório da PF tem 884 páginas.
Na página 841, o relatório diz que “os elementos de prova obtidos ao longo da investigação demonstram de forma inequívoca que o então presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, planejou, atuou e teve o domínio de forma direta e efetiva dos atos executórios realizados pela organização criminosa que objetivava a concretização de um Golpe de Estado e da Abolição do Estado Democrático de Direito, fato que não se consumou em razão de circunstâncias alheias à sua vontade”.
“O arcabouço probatório colhido indica que o grupo investigado, liderado por Jair Bolsonaro, à época presidente da República, criou, desenvolveu e disseminou a narrativa falsa da existência de vulnerabilidade e fraude no sistema eletrônico de votação do País desde o ano de 2019, com o objetivo de sedimentar na população a falsa realidade de fraude eleitoral para posteriormente a narrativa atingir dois objetivos: primeiro, não ser interpretada como um possível ato casuístico em caso de derrota eleitoral e, segundo e mais relevante, ser utilizada como fundamento para os atos que se sucederam após a derrota do então candidato Jair Bolsonaro no pleito de 2022”, continua o documento.
Entre as evidências de que Bolsonaro liderou as tratativas do golpe, o relatório cita uma reunião ministerial realizada em julho de 2022.
“O intento do grupo criminoso, nesse sentido, resta evidenciado, dentre outros fatos, durante a reunião de cúpula do Poder Executivo Federal, ocorrida em 05 de julho de 2022, treze dias antes da reunião com os embaixadores”, diz o documento.
O relatório cita que, após o resultado do 2º turno das eleições presidenciais de 2022, o discurso de vulnerabilidades das urnas e de que havia ocorrido fraude eleitoral continuou sendo reverberado, “de forma mais incisiva com a Representação Eleitoral para Verificação Extraordinária peticionada pelo Partido Liberal, contendo dados técnicos inconsistentes, deliberadamente apresentado com ciência e autorização de Jair Bolsonaro e Valdemar Costa Neto.
Também cita que “as ações de pressão ao comandante do Exército, como a denominada “Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa do Exército Brasileiro” teve ciência e autorização, para ser elaborada e posteriormente disseminada, pelo então presidente da República, Jair Bolsonaro, conforme trocas de mensagens identificadas entre Mauro Cid e Sérgio Cavaliere e posteriormente ratificada em depoimento/declarações prestado pelos investigados à Polícia Federal”.
Veja a integra do relatório.