O desembargador Jesus Nascimento, do Tribunal Regional Eleitoral de Roraima, determinou a suspensão da investigação que apurava o envolvimento do presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Samir Xaud, em suposto esquema de compra de votos nas eleições municipais de 2024. A decisão foi tomada após análise de habeas corpus apresentado pela defesa, que alegou ausência de provas consistentes contra o dirigente esportivo.
A operação da Polícia Federal realizada na quarta-feira anterior havia como alvo Xaud e outros investigados. A ação foi autorizada pela 5ª Zona Eleitoral de Boa Vista e buscava evidências sobre possível corrupção eleitoral no pleito do ano passado.
A defesa do presidente da CBF questionou os fundamentos da investigação perante o tribunal. Os advogados argumentaram que o nome de Xaud aparecia apenas citado em conversas interceptadas, sem estabelecer conexão direta com atos ilícitos.
Decisão judicial considera provas insuficientes
O magistrado avaliou que as evidências apresentadas não justificavam a manutenção da investigação contra o dirigente. “O juízo de origem se limitou a afirmar que haveria indícios de participação dos representados em ilícitos, isso a partir de trecho de mensagem onde é apenas citado o nome do paciente”, declarou Jesus Nascimento ao Valor.
O desembargador destacou ainda os riscos de manter a investigação sem base probatória adequada. Segundo ele, a continuidade das medidas poderia causar danos irreparáveis à imagem do investigado sem fundamento nas provas coletadas no inquérito.
A suspensão permanece válida até que o Tribunal Regional Eleitoral analise o caso de forma colegiada. Durante este período, as medidas investigativas contra Xaud ficam paralisadas por determinação judicial.
Advogado de defesa comemora decisão
Rafael Carneiro, que representa o presidente da CBF, considerou a decisão uma vitória importante para seu cliente. O advogado declarou ao Valor que a suspensão “baseia-se na ausência de qualquer indício de ilícito quanto a Samir Xaud”.
O defensor ressaltou a importância do princípio da responsabilidade nas investigações criminais. “A decisão do desembargador reforça a confiança nas instituições e o princípio basilar de que as investigações devem ser conduzidas com responsabilidade”, afirmou Carneiro ao veículo.
Operação atingiu outros políticos locais
Além do presidente da CBF, a deputada federal Helena Lima, do MDB de Roraima, também foi alvo da operação policial. O marido da parlamentar, Renildo Lima, figura entre os investigados no mesmo processo.
A Justiça Eleitoral autorizou o bloqueio de mais de dez milhões de reais das contas dos envolvidos durante a ação. A medida visa preservar eventual ressarcimento aos cofres públicos em caso de comprovação dos crimes.
A investigação teve início em setembro de 2024, período próximo às eleições municipais. O caso ganhou relevância após a apreensão de quinhentos mil reais em dinheiro, segundo informações da Polícia Federal.
Samir Xaud assumiu a presidência da Confederação Brasileira de Futebol em maio deste ano. O dirigente tem histórico político no MDB roraimense, mesmo partido da deputada Helena Lima, tendo sido candidato a deputado federal em 2022 sem obter êxito.