O Supremo Tribunal Federal realizou nesta quarta-feira (28), mais uma audiência para ouvir testemunhas indicadas pela defesa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF. Ele é um dos réus que integram o chamado “Núcleo 1” da ação penal (AP)2628 que apura tentativa de golpe de Estado.
As oitivas foram conduzidas pelo relator da ação, ministro Alexandre de Moraes. Das cinco testemunhas arroladas pela defesa, apenas duas prestaram depoimento nesta manhã:
– Antonio Ramiro Lourenzo;
– Rosivan Correia de Souza;
8h15- O ministro Alexandre de Moraes abriu a audiência.
8h17 – A defesa de Anderson Torres informou a dispensa de duas testemunhas.
8h20 – O brigadeiro Antonio Ramiro Lourenzo, ex-secretário executivo do ministério da Justiça, disse que quando foi informado que a live seria realizada no ministério da Justiça e que o tema eram urnas eletrônicas, ficou preocupado. Relatou ter convencido o ministro a mudar o local da transmissão. “A participação do ministro nessa live nos preocupava bastante”, concluiu.
8h25- Disse que ele mesmo elaborou o texto lido por Anderson durante a transmissão ao vivo com base em com relatórios da Polícia Federal sobre eleições anteriores. Ramiro afirmou ter orientado o ministro a ler apenas trechos marcados e que não omitisse opinião.
8h33 – A testemunha destacou que a atuação de Torres era “extremamente ética” e que o ministro tinha uma preocupação muito grande contra crimes eleitorais.
8h34 – “Se nós apreendermos uma sacola com dinheiro seja do candidato A ou B é para prender na hora”, teria afirmado Torres, de acordo com o depoente.
8h35 – “Nunca houve direcionamento maligno para qualquer candidato”, afirmou ao negar que as operações de policiamento ostensivo durante as eleições tinham motivos políticos. Segundo ele, o foco era o combate ao crime.
8h37 – O brigadeiro defendeu a conduta de Anderson Torres dizendo que ele sempre mostrou “isenção” entre o que era ação do ministério e opinião pessoal.
8h43 – Ramiro afirmou que nunca ouviu a palavra golpe. Antes de terminar a fala, a testemunha foi alertada por Moraes para que se atentasse apenas aos fatos.
8h46 – O ex-secretário executivo do ministério da Justiça negou ter tido reuniões com Bolsonaro ou representantes das Forças Armadas.
8h49 – Ele confirmou ter feito publicações criticando a esquerda após manifestantes tentarem invadir a sede da Policia Federal, em Brasília, em novembro de 2022. No entanto, atribuiu às postagens a “emoção” do momento e afirmou que a questão não cabia ao ministério da Justiça.
8h 51 – Moraes perguntou se a tentativa de invasão à sede da PF não era uma pauta do ministério da Justiça? A testemunha insistiu que era atribuição da secretaria da Segurança Pública do DF.
8h54 – Ao justificar publicações na internet, afirmou que se tratam de “opiniões pessoais, das quais deveria guardar e não colocá-las nas redes sociais”.
8h56 – O coronel Rosivan Correia de Souza afirmou que participou de uma reunião para discutir ações de segurança no dia 6 de janeiro de 2023.
8h58 – Alegou que, naquela ocasião, tinham poucas informações sobre a manifestação.
8h59 – Disse não se recordar se Anderson Torres assinou o planejamento de segurança para o dia de 8 de janeiro, mas ressaltou que nenhum protocolo de ações integradas era implementado sem aprovação do secretário.
9h00 – O coronel relatou que não teve acessos a relatórios de inteligência.
9h04 – A testemunha afirmou que a Polícia Militar do Distrito Federal não tem relação de subordinação à secretaria de Segurança Pública, e sim vinculação.
9h05 -Moraes ironizou: “O secretário de segurança é uma Rainha da Inglaterra aqui?”
9h05- O coronel respondeu: “eu não diria uma rainha da Inglaterra, mas, aqui, atualmente a gente até tem uma vinculação que é mais forte. Hoje, existe até mais questão de subordinação”, se referindo às mudanças adotadas pelo governo de Ibaneis Rocha (MDB-DF).
09h06 – O ministro rebateu as explicações do militar e da defesa de Torres. Ele lembrou que já foi secretário de Segurança Pública de São Paulo e ironizou: “querer dizer que a secretaria de Segurança não exerce hierarquia sobre as polícias é querer dizer que o presidente da República não é chefe das Forças Armadas”.
9h10 – Após ouvir duas testemunhas, Moraes encerrou a audiência.