O deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) anunciou ter “selado a paz” com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), após uma série de ataques públicos relacionados ao tarifaço americano. A reconciliação ocorreu nesta quarta-feira (16), um dia depois de Eduardo acusar o governador de “subserviência servil às elites” por buscar alternativas diplomáticas às sobretaxas de 50% impostas por Donald Trump. O episódio expôs divergências internas no bolsonarismo sobre a estratégia para enfrentar a crise comercial com os Estados Unidos, incluindo diferenças entre os próprios filhos do ex-presidente.
Eduardo justificou a mudança de tom após “boa e longa conversa” com Tarcísio, afirmando que ambos atuam “na melhor das intenções do interesse dos brasileiros”. O deputado reconheceu que “visões de mundo diferentes são normais e saudáveis” e propôs focar no que realmente interessa ao país.
A reconciliação contrastou com a postura anterior de Eduardo, que havia criticado duramente a aproximação de Tarcísio com a Embaixada dos Estados Unidos. O parlamentar considerou a iniciativa um “desrespeito” e defendeu sua atuação nos EUA como mais efetiva que a diplomacia tradicional.
Irmãos Bolsonaro divergem sobre Tarcísio
A crise revelou divergências significativas entre os filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro. Enquanto Eduardo atacava publicamente o governador paulista, seu irmão Flávio Bolsonaro (PL-RJ) saiu em defesa de Tarcísio nesta terça-feira (15).
Flávio considerou legítimo que Tarcísio “cumpra seu papel como governador de São Paulo ao falar em nome dos empresários do estado afetados pela tarifa”. A posição do senador demonstrou uma abordagem mais moderada em relação às críticas do irmão.
Apesar da divergência sobre Tarcísio, Flávio elogiou a atuação de Eduardo nos Estados Unidos. O senador classificou o irmão como “única ponte do Brasil com a Casa Branca”, criticando a diplomacia do governo Lula.
Eduardo se vê como intermediário exclusivo
O deputado licenciado tem se posicionado como principal interlocutor brasileiro junto ao governo Trump. Eduardo criticou a estratégia diplomática oficial, afirmando que Lula “mandou sua diplomacia calar a boca” e provocou Trump até ele “perder a paciência”.
A autoproclamação como ponte exclusiva gerou tensões com outras iniciativas diplomáticas, incluindo os esforços de Tarcísio junto à embaixada americana. Eduardo considerou essas tentativas paralelas como desrespeito à sua atuação nos Estados Unidos.
O parlamentar reafirmou que sua missão não é “convencer a população”, mas “pressionar” o ministro Alexandre de Moraes através da influência junto ao governo americano.
Tarcísio busca diplomacia paralela
O governador de São Paulo anunciou estratégia de “relação para-diplomática” com os Estados Unidos, incluindo negociações diretas com governos estaduais americanos. A iniciativa visa contornar as dificuldades diplomáticas oficiais e buscar soluções práticas para as empresas paulistas.
Tarcísio se reuniu com empresários paulistas para discutir alternativas ao tarifaço, prometendo acionar senadores americanos e explorar canais alternativos de diálogo. A abordagem contrasta com a estratégia da família Bolsonaro, focada na pressão política por anistia.
Anistia como solução defendida
Tanto Eduardo quanto Flávio continuam defendendo que a resolução do impasse comercial passa pela anistia dos acusados de tentativa de golpe. Flávio apelou para que empresários próximos aos ministros do STF pressionem pela medida.
O senador argumentou que o “Brasil precisa voltar à normalidade” e que “ninguém aguenta mais tanta bagunça na democracia provocada especialmente por Alexandre de Moraes”. A estratégia mantém o foco na pressão política interna.
Isolamento político se aprofunda
O episódio evidencia o crescente isolamento da família Bolsonaro no cenário político nacional. Os presidentes do Congresso se alinharam ao governo Lula na defesa da soberania, ignorando apelos por anistia.
Governadores de direita que inicialmente elogiaram Trump mudaram o discurso, priorizando soluções diplomáticas sobre alinhamentos ideológicos. A reconciliação entre Eduardo e Tarcísio pode sinalizar uma tentativa de reorganização do campo bolsonarista diante da crise.