Pode dar Brasil no Oscar

Ainda Estou Aqui é apontado pela imprensa americana como o favorito na categoria de Melhor Filme Internacional, destaca Jeffis Carvalho.

Tempo de leitura: 4 min

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Por: Jeffis Carvalho
Cartaz do filme Ainda Estou Aqui - Foto: divulgação

Cartaz do filme Ainda Estou Aqui - Foto: divulgação

Mais famoso prêmio do cinema mundial, o Oscar da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood é sempre um tema de muita discussão, de polêmicas e de críticas. Se há alguns anos era matéria para críticos, cinéfilos e profissionais de cinema, hoje, com as redes sociais vocalizando toda e qualquer opinião, o Oscar se tornou um verdadeiro cavalo de batalha. Afinal, todo mundo acha alguma coisa desse ou daquele filme. 

A premiação de 2025 não foge a essa nova realidade. O filme com mais indicações – 13 – Emília Pérez viu suas chances de vitória em muitas dessas categorias serem tremendamente reduzidas por questões extra filme. A sua protagonista, Karla Sofía Gáscon, primeira mulher trans indicada ao Oscar de Melhor Atriz, teve antigas declarações preconceituosas e racistas resgatadas pelas redes. Além disso, o filme – uma história de um chefão mexicano do tráfico de drogas que resolve fazer a transição para se tornar uma mulher – teve uma campanha contrária promovida pelos mexicanos. A história se passa no México, mas o filme foi feito na França, sem atores mexicanos no elenco protagonista. 

Com esse derretimento de seu favoritismo, o grande beneficiado parece ser  Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, que agora é apontado pela imprensa americana como o favorito ao Oscar de Melhor Filme Internacional. O drama brasileiro cresceu aos poucos junto ao público e aos muitos membros votantes da Academia, pouco depois da premiação de Fernanda Torres como Melhor Atriz no Globo de Ouro. Teve também um investimento da Sony Pictures, que distribui o filme internacionalmente,  e pulou de pouco mais de 20 salas de exibição para mais de 700 nos Estados Unidos. 

Na última quinta-feira, o New York Times apresentou suas previsões para o Oscar, premiação que acontece neste domingo de Carnaval, 2 de março. Para o maior jornal americano, Ainda Estou Aqui deve ganhar como Melhor Filme Internacional, feito inédito para o nosso cinema; e Fernanda Torres deve ganhar o Oscar de Melhor Atriz, uma vitória também única para o cinema latino-americano. Para chegar a essa conclusão, o New York Times se baseou nas últimas premiações da temporada, no boca a boca que promoveu o filme, e na impressionante empatia e simpatia que Fernanda Torres gerou em suas passagens pelos principais talk shows da TV norte-americana. Isso tudo alavancou o filme nessa reta final de campanha pelos prêmios. 

Outros órgãos da imprensa especializada americana destacam que a disputa de Melhor Atriz pode beneficiar Fernanda. Como a favorita Demi Moore, (A Substância) que venceu o Globo de Ouro e o SAG Awards disputa com a forte Mikey Madson (Anora), que venceu o BAFTA, prêmio da academia britânica, a filha de Fernanda Montenegro pode ser a vitoriosa porque os votos se dividem e uma terceira acaba levando. Além, é claro, dos elogios que o desempenho de Fernanda tem recebido tanto da crítica, como, e principalmente, dos membros votantes da Academia. 

Nas outras principais categorias, a disputa é também muito acirrada. Melhor Ator está entre o antes grande favorito Adrien Brody, o atormentado arquiteto de O Brutalista; e o vencedor do SAG Awards Timothée Chalamet, que faz Bob Dylan em Um Completo Desconhecido. 

O Oscar de Melhor Diretor está entre o vencedor do sindicato dos diretores, Sean S. Baker, por Anora, e Brady Corbert, que ganhou o BAFTA e o Globo de Ouro por O Brutalista.

Melhor Roteiro Original está entre Anora, que venceu no sindicato dos roteiristas, e A Verdadeira Dor. Já Melhor Roteiro Adaptado está entre o favorito Conclave, que venceu o Globo de Ouro, e  Nickel Boys, vencedor do sindicato. E, no momento correndo por fora, o francês Emília Pérez. 

Os Oscar mais certos, já que os atores levaram todos os outros prêmios da temporada, são para Zoe Saldaña, como Melhor Atriz Coadjuvante em Emília Pérez; e Kieran Kulkin, como Melhor Ator Coadjuvante por A Verdadeira Dor.

Finalmente, o principal prêmio, Melhor Filme, está entre o favorito Anora e o muito elogiado pela crítica  O Brutalista. Aqui, também, a divisão de votos entre os favoritos pode favorecer um terceiro que se torna o vencedor. Nesse caso, o filme com chances de ser o premiado é Conclave, que venceu o SAG Awards de Melhor Elenco – que é  a forma do sindicato dos atores – maior categoria de votantes no Oscar – apontar o seu escolhido como Melhor Filme. 

A premiação promete muito suspense e, talvez, surpresas. Pode também, e finalmente, ser a noite do Oscar para o cinema brasileiro. Cruzem os dedos!

Jeffis Carvalho é jornalista, roteirista e editor de Cinema do Estado da Arte, do Estadão. 

 

* Os textos das colunas, análises e artigos são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do Hjur. 

 

 

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