Operação Fàg, da PF, investiga rede criminosa de extração de madeira

Operação Fàg investiga rede criminosa de extração de madeira que envolve indígenas e não indígenas do Paraná

Há 4 meses
Atualizado segunda-feira, 25 de agosto de 2025

Por Hylda Cavalcanti

Moradores do Oeste e do Sudoeste do Paraná são alvos, nesta segunda-feira (25/08), do quinto dia da chamada Operação Fàg, deflagrada pela Polícia Federal na última semana, que tem como objetivo desarticular uma rede criminosa envolvida na extração, transporte e comercialização ilegal de madeira em área de preservação permanente (APP).

O inusitado do fato é que além de a APP estar localizada na terra indígena Mangueirinha, área habitada pelas etnias Kaingang e Guarani e dividida em oito aldeias, dentre os alvos apontados nos crimes estão também líderes indígenas.

A área envolve 17 mil hectares distribuídos por três municípios: Coronel Vivida, Chopinzinho e Mangueirinha e as operações ilegais vinham sendo investigadas há tempos, conforme informações da Polícia Federal.

Cacique e vice-cacique envolvidos

A decisão judicial partiu do juiz federal Fernando Dias de Andrade, da 4ª Vara Federal de Cascavel. Informações da PF divulgaram que foram cumpridos até agora, quatro dos cinco mandados de prisão preventiva, incluindo a do cacique e do vice-cacique da terra indígena — acusados de estarem diretamente envolvidos no esquema.

Além disso, foram autorizadas 17 ações de busca e apreensão e sete de quebra de sigilo bancário. Também houve um flagrante por posse ilegal de arma de fogo e a apreensão de veículos diversos, dentre eles um caminhão.

“A terra indígena Mangueirinha vem sendo objeto de recorrentes e significativas ações de degradação ambiental ao longo dos últimos anos. A convergência dos elementos identificados aponta para um padrão sistemático de exploração florestal irregular”, afirmou o magistrado, na sua decisão.

Prisões objetivam desarticular organização

Conforme detalhes dos autos, as medidas têm o objetivo de interromper as atividades ilícitas, preservar provas e assegurar a responsabilização dos envolvidos. A decisão judicial informa que o grupo era comandado pelo cacique e pelo vice-cacique presos na operação.

Motivo pelo qual, ressaltou o juiz, “a prisão preventiva se mostra necessária para desarticular a organização, estancando a prática delitiva que devasta o meio ambiente, corrompe a estrutura social indígena e gera lucros ilegais”. 

“A liberdade dos representados significaria, sem qualquer dúvida, a continuidade da sangria dos recursos naturais da terra indígena”, acrescentou o magistrado.

Núcleos com funções bem definidas

O grupo criminoso tem entre os integrantes indígenas e não indígenas e, segundo as investigações que já vinham sendo feitas, operava de forma estruturada em núcleos com funções definidas, incluindo liderança, execução, logística e receptação da madeira extraída clandestinamente. 

Os investigados poderão responder por crimes ambientais como corte e venda ilegal de madeira, incluindo espécies ameaçadas, furto qualificado, subtração de madeira (que é patrimônio coletivo da União e da comunidade indígena), receptação qualificada (comercialização da madeira roubada).

E também: lavagem de dinheiro (ocultação de origem ilícita dos recursos obtidos) e organização criminosa (estrutura hierárquica com divisão de tarefas). Informações preliminares da Justiça Federal apontam que, somados os crimes, as penalidades podem passar dos 20 anos de reclusão.

Fàg significa Araucária em Kaingang

No total 83 policiais federais vêm atuando na operação em diversos municípios da região, com o apoio de técnicos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

O nome da operação — Fàg — significa “Araucária” na língua indígena Kaingang, em alusão à principal espécie alvo da exploração criminosa.

— Com informações da Justiça Federal do Paraná e do TRF 4

Autor

Leia mais

senado ao aprovar o marco temporal

Aprovada em dois turnos, PEC do marco temporal vai à Câmara

Há 49 minutos
Flávio e Eduardo Bolsonaro falam sobre prisão do pai

Candidatura de Flávio Bolsonaro derruba Ibovespa e provoca fuga bilionária de estrangeiros

Há 55 minutos
plenário da câmara federal comemora aprovação do substitutivo de Derrite ao projeto antifacções do governo

A Câmara dos Deputados aprovou projeto que reabre prazo para registro de imóveis rurais em faixas de fronteira

Há 60 minutos
Paulinho da Força, autor do projeto que reduziu as penas dos golpistas

Câmara aprova projeto que reduz penas de golpistas do 8 de janeiro

Há 1 hora

Tumulto na Câmara: Glauber Braga é retirado à força do plenário e jornalistas denunciam agressão

Há 10 horas

Moraes substitui prisão de Rodrigo Bacellar por tornozeleira eletrônica e recolhimento noturno

Há 11 horas
Maximum file size: 500 MB