Zanin marca julgamento de Bolsonaro e outros sete réus para setembro

Há 2 meses
Atualizado sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Por Carolina Villela

O ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), marcou o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus na ação penal que investiga a suposta tentativa de golpe de Estado. Zanin convocou sessões extraordinárias e ordinárias para os dias 2, 3, 9, 10 e 12 de setembro de 2025, de 9h ao 12h e de 14h às 19h, com exceção do dia 10 de setembro, com término previsto às 12h.

Zanin atendeu ao pedido do relator das ações, ministro Alexandre de Moraes, feito nesta quinta-feira (14). O ministro justificou a solicitação pelo “regular encerramento da instrução processual” e pelo “cumprimento de todas as diligências complementares deferidas”, além da apresentação das alegações finais pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e por todas as defesas.

Réus do núcleo central da investigação

Além de Bolsonaro, integram o Núcleo 1: Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência; Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal; o general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional; o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; o general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; e o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil.

O grupo foi descrito pela denúncia da Procuradoria-Geral da República como o “núcleo crucial” da suposta trama golpista que teria tentado impedir a posse do presidente eleito em 2022, Luiz Inácio Lula da Silva.

Acusações e crimes Imputados

Em julho, a PGR apresentou suas alegações finais pedindo a condenação de todos os acusados por cinco crimes: organização criminosa armada, tentativa de abolir violentamente o Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. A única exceção é o deputado federal Alexandre Ramagem, para quem houve a suspensão do processo em relação aos crimes supostamente cometidos após a diplomação.

A Procuradoria acusou Bolsonaro de ser “o principal articulador e o maior beneficiário dos atos realizados contra o Estado Democrático de Direito”, argumentando que o ex-presidente “agiu de forma sistemática, ao longo de seu mandato e após sua derrota nas urnas, para incitar a insurreição e a desestabilização” da democracia brasileira.

Estratégias das defesas

As defesas dos réus, de modo geral, negam todas as acusações e pedem absolvição completa. Os advogados de Bolsonaro argumentam pela falta de provas que possam colocar o ex-presidente no centro da suposta trama golpista, questionando a consistência das evidências apresentadas pela acusação.

A defesa do tenente-coronel Mauro Cid, delator do plano, adotou estratégia diferenciada, solicitando que ele seja inocentado, mas pedindo que, em caso de eventual condenação, a pena não ultrapasse dois anos de prisão.

Rito processual e expectativas

O julgamento seguirá rito específico estabelecido para ações penais no STF. Inicialmente, o relator Moraes fará a leitura do relatório. Logo em seguida, falará o Procurador-Geral da República, seguindo os advogados dos réus e por fim, o voto do relator e demais ministros da Primeira Turma.

A sequência de votação na Primeira Turma obedecerá à seguinte ordem: Moraes, Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, que vota por último na condição de presidente do colegiado. Para condenação ou absolvição, será necessária maioria de três votos no mesmo sentido.

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