A foto mostra a fachada da AGU em Brasília.

AGU cobra R$ 31,4 milhões por devastação de 3 mil hectares na Amazônia e Mata Atlântica

Há 2 horas
Atualizado segunda-feira, 6 de outubro de 2025

Da redação

A Advocacia-Geral da União (AGU) ajuizou oito ações civis públicas que cobram R$ 31,4 milhões em indenizações para recuperação ambiental de mais de três mil hectares devastados na Amazônia e Mata Atlântica. Os processos incluem casos de derrubada ilegal de mata nativa, além de transporte e comércio ilegal de produtos florestais, crimes que têm crescido nas regiões de preservação ambiental do país.

O ajuizamento foi conduzido pelo programa AGU Recupera que, desde o início do ano, já cobrou na Justiça mais de R$ 786 milhões em 48 ações por danos ambientais em todo o território nacional.

Devastação em terra indígena resulta em bloqueio de bens

Entre os oito processos deste lote, os membros do programa destacam o caso de destruição de 202 hectares de vegetação nativa na Terra Indígena Manoki, localizada no município de Brasnorte, em Mato Grosso. Os infratores exploravam ilegalmente matéria-prima da região e foram flagrados durante a Operação Onda Verde, coordenada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Para esta ação específica, a AGU já obteve decisão liminar favorável na Vara Federal Cível e Criminal de Juína (MT), que determinou a indisponibilidade de bens dos degradadores no valor de R$ 3,3 milhões. A medida judicial impede que os responsáveis pela devastação vendam ou transfiram seus patrimônios, garantindo recursos para a futura reparação ambiental.

Madeira ilegal apreendida em Sergipe

Outro caso destacado pela AGU foi a comercialização irregular de 7,2 mil metros cúbicos de madeira serrada nativa da Mata Atlântica que era transportada sem o Documento de Origem Florestal (DOF) às margens da BR-101, em Estância, no litoral de Sergipe. O DOF é obrigatório para comprovar a procedência legal da madeira e sua ausência caracteriza crime ambiental.

A ação civil pública referente a este caso recebeu o valor de R$ 4,3 milhões e prevê a reparação de 267 hectares degradados. A Mata Atlântica é um dos biomas mais ameaçados do Brasil, com apenas cerca de 12% de sua cobertura original preservada, tornando cada hectare devastado uma perda significativa para a biodiversidade nacional.

Força-tarefa reúne procuradores especializados

As ações ajuizadas pelo AGU Recupera reúnem esforços integrados da Procuradoria Nacional de Defesa do Clima e do Meio Ambiente (Pronaclima), Procuradoria-Geral Federal (PGF) e Procuradoria-Geral da União (PGU), além da Procuradoria Federal Especializada junto ao Ibama (PFE/Ibama).

A procuradora-chefe da PFE/Ibama, Karina Marx, destaca que o programa tem proposto uma série de ações civis públicas para garantir “a efetiva responsabilização dos infratores ambientais” e “a obtenção de medidas constritivas junto ao Poder Judiciário, como, por exemplo, a indisponibilidade de bens do infrator”.

“Além disso, nesse lote temos ação proposta para responsabilizar por dano ambiental ocorrido em terra indígena, buscando um aprimoramento constante dos melhores alvos e das melhores teses”, revelou a procuradora, sinalizando que o programa está em constante evolução estratégica.

Programa criado em 2023 amplia atuação

O programa AGU Recupera foi criado em 2023 com o objetivo específico de adotar medidas jurídicas de proteção dos biomas e do patrimônio cultural do Brasil, baseando-se no princípio da reparação integral dos danos causados ao meio ambiente.

Formado por 19 procuradores federais e oito advogados da União, o programa é responsável por atuações prioritárias em causas da União, Ibama e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) que envolvem a reparação de danos ambientais e a punição a infratores nos biomas Amazônia, Cerrado, Pantanal, Caatinga, Pampa e Mata Atlântica.

O AGU Recupera também atua em processos relacionados ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Autor

Leia mais

Cármen Lúcia dá cinco dias para Lula e Alcolumbre explicarem alterações na Lei da Ficha Limpa

TJDFT reinicia movimentação do processo sobre ‘Crime da 113 Sul’, depois da anulação do julgamento pelo STJ

TJDFT reinicia movimentação do processo sobre ‘Crime da 113 Sul’, depois da anulação do julgamento pelo STJ

AGU notifica Meta para que remova conteúdos ligados a falsificação de bebidas

AGU notifica Meta para que bloqueie e remova conteúdos sobre insumos para falsificação de bebidas

Lula e Trump conversam por 30 minutos e acertam encontro presencial

A foto mostra o ministro Gilmar Mendes, do STF, em audiência sobre a pejotização.

Em audiência sobre impactos da pejotização, ministro Gilmar Mendes defende a conciliação entre proteção social e liberdade econômica

STF debate nesta segunda (6) os impactos da ‘pejotização’ no mercado de trabalho

Maximum file size: 500 MB