Pentágono confirma mobilização do USS Gerald R. Ford, maior navio de guerra do mundo, para reforçar combate ao narcotráfico na região
Os Estados Unidos anunciaram nesta quinta-feira (24) o envio do porta-aviões USS Gerald R. Ford para o Caribe com o objetivo de intensificar ações contra o narcotráfico na América Latina. A informação foi confirmada pelo Pentágono, que classificou a operação como uma resposta ao aumento das atividades de “narcoterrorismo” na região.
A embarcação, considerada o mais avançado porta-aviões do mundo, segue atualmente do Mediterrâneo para a área de responsabilidade do Comando Sul dos EUA, que inclui países como Brasil, Venezuela e outras 29 nações da América Central e da América do Sul.
Missão busca “desmantelar atividades ilícitas”
Segundo o porta-voz do Pentágono, Sean Parnell, a missão da embarcação é “monitorar e desmantelar atividades e atores ilícitos”. Ele divulgou a movimentação do navio em publicação nas redes sociais na tarde de hoje.
A decisão ocorre em meio a uma escalada nas ações militares dos EUA contra o narcotráfico. Só neste mês, o país realizou dez ataques contra embarcações suspeitas na região do Caribe. Em uma das operações mais recentes, seis pessoas foram mortas a bordo de um barco supostamente ligado ao cartel Tren de Aragua.
Incursões navais e ameaças de ação terrestre
A ofensiva se intensificou após declarações do presidente Donald Trump, que está em viagem à Malásia. Ontem, ele anunciou que pretende realizar incursões terrestres contra cartéis de drogas. “Vamos apenas matar as pessoas que estão trazendo drogas para o nosso país. Certo? Vamos matá-las”, afirmou Trump a jornalistas na Casa Branca.
O republicano afirmou que não vê necessidade de declarar guerra formalmente. Segundo ele, o tráfico marítimo está “quase morto”, e o foco agora é evitar a entrada de drogas por via terrestre.
Cartéis comparados a organizações terroristas
O secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, declarou que os cartéis latino-americanos representam uma ameaça semelhante à Al-Qaeda e ao Estado Islâmico. “Vamos tratá-los como tratamos a Al-Qaeda. Vamos encontrá-los, mapear suas redes, caçá-los e matá-los”, disse, ao lado de Trump, durante entrevista coletiva.
Segundo Hegseth, o objetivo é destruir completamente essas organizações, e não apenas degradar sua capacidade de operação ou realizar prisões pontuais.
CIA recebe aval para agir na Venezuela
Outra frente de ação dos EUA envolve operações de inteligência. Trump confirmou nesta semana que autorizou a CIA a conduzir ações secretas na Venezuela. A declaração veio após uma reportagem do New York Times revelar que o governo norte-americano permitiu discretamente a atuação da agência no país sul-americano.
O presidente venezuelano Nicolás Maduro respondeu pedindo respeito à soberania de seu país, enquanto Trump afirmou que os EUA “certamente” estão observando o território venezuelano como possível alvo de futuras ações terrestres.
Porta-aviões com poder de dissuasão militar
O USS Gerald R. Ford é o maior navio de guerra do mundo. Com 333 metros de comprimento e capacidade para transportar até 90 aeronaves, o porta-aviões pode operar com uma tripulação de 4,5 mil militares. Ele conta com armamentos modernos, incluindo mísseis antiaéreos, metralhadoras e um sistema eletromagnético de lançamento de aviões.
A embarcação já foi empregada em missões estratégicas, como o deslocamento ao Oriente Médio em 2023, após ataques do Hamas a Israel.
Com esse novo movimento, os Estados Unidos ampliam sua presença militar no Hemisfério Sul, num gesto que pode gerar tensão diplomática com países latino-americanos e reacender o debate sobre soberania nacional e intervenção estrangeira.



