Por Hylda Cavalcanti
Antes, barulho, disputa por holofotes e ambiente de tensão no ar. Agora, tranquilidade, organização e jornalistas disciplinadamente organizados nos seus lugares. Este é o clima observado na manhã desta terça-feira (14/10) em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), do lado de fora do espaço onde está sendo realizada a sessão de julgamentos do Núcleo 4 da trama golpista, em comparação com o julgamento do início de setembro.
Em setembro, foi realizado o julgamento do núcleo 1 que resultou na condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus, dentre os quais militares de alta patente. Desta vez, pelo menos até as 11h, talvez pela atuação coadjuvante dos réus na trama golpista, não há profusão de políticos se amontoando para assistir ao julgamento, nem estudantes de Cursos de Direito, tampouco advogados de outras bancas que não os da defesa dos réus.
Agendamento para o Núcleo 2
A sessão foi iniciada com um atraso de 12 minutos após o horário agendado, de 9h. Uma das novidades divulgadas pelo novo presidente da 1ª Turma, o ministro Flávio Dino (que sucedeu na presidência da Turma o ministro Cristiano Zanin) foi que o Tribunal agendou para dezembro o julgamento dos réus do Núcleo 2 — mais precisamente, nos dias 9, 10, 16 e 17 de dezembro.
O núcleo 1 (que incluiu Bolsonaro) foi julgado no início de setembro. O Núcleo 4 começa a ser julgado hoje, enquanto o Núcleo 3 está marcado para 11 de novembro. Faltava essa programação a respeito do Núcleo 2 e uma decisão sobre o Núcleo 5.
O 5º Núcleo é integrado pelo empresário Paulo Figueiredo, neto do ex-presidente João Figueiredo. Ele reside nos Estados Unidos e não apresentou defesa no processo, motivo pelo qual ainda não há previsão para seu julgamento.
Até o dia 22/10
As sessões de julgamento do Núcleo 4, que foram iniciadas hoje, estão programadas para ocorrer também nesta quarta-feira (15/10) e nos dias 21 e 22 de outubro.
Operações de desinformação
Segundo a Procuradoria Geral da República (PGR), que dividiu os 34 denunciados em cinco núcleos, o núcleo 4 é acusado de atuar em operações estratégicas de desinformação. Os sete réus desse grupo seriam responsáveis por espalhar notícias falsas sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas e atacar instituições e autoridades.
Fazem parte do núcleo: Ailton Gonçalves Moraes Barros (major da reserva do Exército); Ângelo Martins Denicoli (major da reserva do Exército); Giancarlo Gomes Rodrigues (subtenente do Exército); Guilherme Marques de Almeida (tenente-coronel do Exército); Reginaldo Vieira de Abreu (coronel do Exército); Marcelo Araújo Bormevet (policial federal) e Carlos Cesar Moretzsohn Rocha (presidente do Instituto Voto Legal).
Eles respondem pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.

