Presidente disse estar preparado para nova eleição mesmo com 80 anos e “a mesma energia” de quando tinha 30
Durante discurso oficial em Jacarta, na Indonésia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou que pretende disputar um quarto mandato nas eleições de 2026. A declaração foi feita nesta quarta-feira (22), durante reunião bilateral com o presidente indonésio, Prabowo Subianto.
Lula afirmou que, apesar da idade, sente-se em plenas condições físicas para encarar mais um ciclo no Palácio do Planalto. “Eu vou disputar um quarto mandato no Brasil”, disse. “Estou lhe dizendo que ainda vamos nos encontrar muitas vezes. Esse meu mandato só termina em 2026, no final do ano. Mas estou preparado para disputar outras eleições.”
Reeleição contraria declarações anteriores
A afirmação representa uma mudança em relação a declarações anteriores do petista. Durante a campanha eleitoral de 2022 e nos primeiros meses de governo, Lula afirmou que sua intenção era apenas cumprir um mandato de quatro anos e preparar o Brasil para uma transição.
Em entrevista à rádio Metrópole, ainda em 2022, Lula declarou: “Não vou ser o presidente da República que está pensando na sua reeleição. Vou ser o presidente que vai estar pensando em governar este país por quatro anos e deixá-lo tinindo”.
Em outras falas, o presidente dizia ter o desejo de entregar o cargo a um sucessor. “Sonho todo dia. Quando chegar 31 de dezembro de 2026, quando a gente for entregar esse mandato para outra pessoa, esse país estará bem”, disse à época.
Partido sem sucessores naturais
Nos bastidores do PT, a fala de Lula reflete a preocupação com a ausência de nomes de grande apelo popular capazes de disputar a Presidência em 2026. A confirmação de Lula como candidato deve reorganizar a estratégia política da legenda e também impactar adversários que esperavam enfrentar um nome novo na corrida presidencial.
Segundo analistas políticos, o anúncio precoce também tem função de blindar o governo de ataques e consolidar Lula como figura central nas articulações nacionais e internacionais até o fim do mandato.
Acordos internacionais e agenda estratégica
A declaração sobre a reeleição foi feita em meio a compromissos diplomáticos na Ásia. A viagem oficial pela região teve início na Indonésia e seguirá por Kuala Lumpur, na Malásia, onde Lula participará da cúpula da Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático).
A visita a Jacarta marca a retribuição à passagem de Prabowo Subianto pelo Brasil, ocorrida em julho. Entre os objetivos do encontro estão acordos de cooperação entre os dois países nas áreas de energia, comércio e agricultura.
Encontro com Trump pode gerar tensão diplomática
No domingo (26), Lula deverá se encontrar com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em uma das agendas mais sensíveis do giro internacional. A expectativa é que os líderes discutam temas comerciais e políticos, com destaque para as tarifas impostas pelos EUA a produtos brasileiros, como carne, café e aço.
Outro ponto delicado da pauta deve ser a recente aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, além de eventuais ações dos Estados Unidos na Venezuela, que, segundo o governo brasileiro, poderiam trazer instabilidade para a América do Sul.
Comitiva reforça importância da viagem
A importância da viagem é reforçada pela presença de ministros de pastas estratégicas na comitiva presidencial. A delegação brasileira é composta por Mauro Vieira (Relações Exteriores), Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária), Alexandre Silveira (Minas e Energia), Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação), além do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.