Por Carolina Villela
O almirante da reserva Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha, presta depoimento nesta manhã ao ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF) como réu na ação sobre a tentativa de golpe de Estado. Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), Garnier foi o único dos três comandantes das Forças Armadas a aceitar participar do plano para impedir a posse do presidente Lula após as eleições de 2022, colocando tropas à disposição de uma suposta organização criminosa.
A acusação aponta que, na reunião de 14 de dezembro de 2022 no Ministério da Defesa, Garnier foi o único comandante a não se opor ao decreto golpista apresentado pelo então ministro Paulo Sérgio Nogueira. Investigações da Polícia Federal indicam que o almirante chegou a afirmar ter “tanques no Arsenal prontos” para a ação, enquanto os comandantes do Exército e da Aeronáutica rejeitaram o plano. A defesa nega as acusações e alega que se baseiam em “relatos indiretos” e “fragmentos” da investigação.
9h – A audiência foi aberta pelo relator da ação penal, ministro Alexandre de Moraes.
9h06 – Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha, confirmou que conhece a denúncia.
9h06 – O almirante negou as acusações.
9h08 – Confirmou que durante o interrogatório à Polícia Federal exerceu o direito de ficar calado por orientação do seu advogado.
9h08 – Disse que foi convocado para uma reunião no dia 7 de dezembro de 2022 pelo presidente Jair Bolsonaro e que os outros chefes das Forças Armadas também participaram.
9h09 – O principal assunto era a preocupação de Bolsonaro com inúmeras pessoas que estavam insatisfeitas com o resultado das eleições, afirmou o almirante.
9h10 – Garnier disse que entre os temas abordados na reunião, foram discutidas a decretação da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e outras medidas visando a segurança pública. “Não vi minuta, ministro. Vi uma apresentação na tela de um computador”, afirmou ao negar conhecer a minuta do golpe.
9h712 – Ele negou terem conversado sobre a necessidade de novas eleições.
9h13 – O ex-comandante da Marinha afirmou que, durante a reunião, não houve conclusões.
9h16 – Segundo o depoente, o brigadeiro Baptista Junior, ex-chefe da Aeronáutica não participou da reunião. Garnier negou ter dito que colocaria as tropas da Marinha à disposição em caso de medida de exceção. “Não houve deliberação, o presidente não abriu a palavra para gente”.
9h17 – Garnier afirmou que o discurso de Bolsonaro parecia ser mais uma demonstração de preocupações do que ” a intenção de conduzir alguma coisa em uma certa direção”.
9h25 – O militar da reserva confirmou que defendeu em entrevista auditorias nas urnas eletrônicas, mas que não soube de fraudes.
9h26 – Sobre o relatório do processo eleitoral, elaborado pelas Forças Armadas, o ex-comandante da Marinha afirmou que sabia que as conclusões dos testes eram apresentadas ao então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira. Disse que teve conhecimento do resultado parcial.
9h29 – Ele relatou que não sabia se o ministério da Defesa foi pressionado sobre o relatório das urnas eletrônicas. Explicou que, quando são feitos testes, eventualmente pode não se exaurir tudo que o sistema pode fazer. Mas finalizou dizendo que “a auditoria em si não demonstrou nada”.
9h33 – O depoente negou que a exibição de blindados da Marinha tenha sido programada para o dia da votação sobre o voto impresso no Congresso Nacional. “Foi uma coincidência”, ressaltou.
9h36 – Disse que a reunião do dia 14 de dezembro de 2022 foi convocada pelo ministro da Defesa e que esses encontros eram rotineiros. “Não houve apresentação de nenhum documento”, disse.
9h40 – O ex-comandante da Marinha classificou a reunião como “estranha”. Disse que chegou depois que os outros participantes, os chefes do Exército e da Aeronáutica e que a impressão que teve é que o ministro “parecia estar chateado” e com a “expressão de contrariado”.
9h41 -9h43 – O almirante disse se lembrar que Baptista Júnior deixou a reunião antes dele.
9h48 – “Eu nunca usei essa expressão”, disse em referência a frase em que teria colocado as tropas da Marinha à disposição. Segundo ele, a preocupação eram as pessoas insatisfeitas com o resultado das eleições.
9h50 – Ele afirmou que passou o comando da Marinha no dia 31 de dezembro de 2022 e que, na ocasião, estava emocionalmente sobrecarregado e se desligou completamente.
9h52 – De acordo com o depoente, em relação aos atos de 8/1, não houve nenhuma indicação de que haveria alguma orquestração ou mobilização. Garnier afirmou que estava em casa naquele dia e soube pela televisão. “Fiquei chocado com aquilo”, completou.
9h54 – Ao explicar o motivo de não ter comparecido na cerimônia de troca do comando da Marinha, afirmou que, durante uma reunião, após o segundo turno, houve uma combinação de que as três Forças passariam o comando antes do fim do mandato de Bolsonaro.
9h58 – Disse que não participou da cerimônia porque o almirante Olsen, escolhido para assumir a Marinha, pediu que a transferência de comando ocorresse em janeiro, já com o novo ministro da Defesa empossado. “Eu não fui em respeito ao acordo com os outros comandantes”, ressaltou.
10h09 – Almir Garnier afirmou que não era assessor do presidente e em situações que não envolviam a Marinha preferia se manter calado.
10h11 – Sobre a carta que foi assinada pelas Forças Armadas após as eleições, o almirante atribuiu a iniciativa ao general Freire Gomes. “Ele pra mim foi o autor da iniciativa”, disse.
10h15 – Garnier relatou que já trabalhou em vários governos.
10h18 – O ministro Alexandre de Moraes encerrou o depoimento do ex-comandante da Marinha.