Desastre causado por ciclone extratropical matou cinco moradores e destruiu 90% do município; governo do estado decretou luto oficial por três dias
O município de Rio Bonito do Iguaçu, no sudoeste do Paraná, foi praticamente arrasado por um tornado na sexta-feira (7), em meio à passagem de um ciclone extratropical que atingiu a região Sul. Com cerca de 14 mil habitantes, a cidade teve 90% de sua área urbana devastada e contabiliza mais de mil pessoas fora de casa.
Segundo boletim divulgado neste domingo (9) pelo governo do estado, há centenas de desalojados — acolhidos em residências de parentes e amigos — e desabrigados, que foram encaminhados a abrigos improvisados em parceria com cidades vizinhas.
Ciclone atingiu também outras regiões, mas com menos impacto
Além do Paraná, o fenômeno climático causou transtornos no Sudeste, mas com danos mais restritos. Especialistas afirmam que o pior já passou, embora ainda haja risco de mar agitado neste domingo.
Em Rio Bonito do Iguaçu, o impacto foi devastador e quase instantâneo. Moradores relataram que o tornado durou menos de um minuto, mas foi suficiente para causar destruição generalizada.
“O vento foi tão forte que parecia uma chuva de pedra. A gente tentava segurar as portas de vidro para não estourarem”, contou a comerciante Pâmela Thalia Moretti de Oliveira. Já Zenil Vidal de Vargas teve o carro atingido por telhas e madeiras: “Achei que encostar o carro no muro protegeria, mas não adiantou.”
Cinco mortes na cidade e uma em Guarapuava
Cinco pessoas morreram em decorrência do tornado em Rio Bonito do Iguaçu: Julia Kwapis, 14 anos; José Gieteski, 83; Adriane Maria de Moura, 47; Claudino Paulino Risse, 57; e Jurandir Nogueira Ferreira, 49. Uma sexta morte foi registrada na zona rural de Guarapuava, a cerca de 100 km de distância: José Neri Geremias, de 53 anos.
Em razão da tragédia, o governo estadual decretou luto oficial de três dias em todo o Paraná.
Governo mobiliza forças para reconstrução da cidade
A Copel (Companhia Paranaense de Energia) informou ter restabelecido 49% da rede elétrica até a manhã de domingo. Já foram religadas estruturas essenciais como o centro da Defesa Civil, o posto de saúde e o centro do idoso. Mais de 200 profissionais da empresa trabalham na reconstrução da rede de energia.
A Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná) também atua para garantir o abastecimento de água. Um gerador foi instalado em uma das captações, e caminhões-pipa dão suporte à distribuição. Equipes seguem atuando em consertos de vazamentos.
Saúde reforçada com hospitais e ambulâncias da região
Segundo dados do governo estadual, até o final do sábado (8), foram realizados 784 atendimentos na rede hospitalar da região. Os atendimentos estão sendo feitos também em cidades vizinhas, como Laranjeiras, Cantagalo e Saudade do Iguaçu. Trinta ambulâncias reforçam a operação de emergência.
O secretário de Segurança Pública do Paraná, Hudson Leôncio Teixeira, o coordenador da Defesa Civil, coronel Fernando Schunig, e o subcomandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Jonas Emmanuel Benghi Pinto, passaram o domingo no município para acompanhar de perto as ações de resposta ao desastre.
Prefeito apela por calma e união dos moradores
O prefeito Sezar Augusto Bovino (PSD) classificou a situação como extremamente crítica e pediu união à população. “Os três maiores mercados foram destruídos. Está tudo no chão. Mas a gente pede calma para as pessoas. Passamos pela parte difícil e agora é a reconstrução.”
Ele afirmou que o trabalho das equipes de apoio e o engajamento da comunidade serão fundamentais para restaurar a infraestrutura da cidade e reerguer os espaços destruídos.



