Aldeia Xavante

Projeto de saneamento com apoio do MPF zera mortalidade infantil em aldeia Xavante

Há 2 meses
Atualizado sexta-feira, 26 de setembro de 2025

Um projeto piloto de saneamento básico eliminou completamente a mortalidade infantil na aldeia Etenhiritipá, principal povoado da Terra Indígena Pimentel Barbosa, no interior de Mato Grosso. Até 2018, as crianças nascidas no local corriam risco nove vezes maior de morrer antes dos cinco anos em comparação com outros brasileiros – índice similar ao de países africanos como Somália e Nigéria.

A transformação foi possível através do projeto “Saúde Xavante: Direito Humano ao Saneamento na Prática”, desenvolvido entre 2018 e 2020 com apoio do Projeto Conexão Água, do Ministério Público Federal (MPF). A iniciativa envolveu a construção comunitária de instalações sanitárias pela própria população indígena.

Resultados concretos

O projeto resultou na instalação de mais de 1.500 metros de encanamento que leva água limpa de poços artesianos para 15 chuveiros, 12 pias e tanques, além de 32 banheiros e pedras sanitárias. Toda a infraestrutura foi construída coletivamente pelos cerca de 600 habitantes da aldeia.

“Desde 2018, quando concluímos o saneamento, não houve morte de criança na aldeia. Somos referência. Agora queremos levar o nosso modelo para as outras aldeias”, afirma o cacique Jurandir Siridiwe Xavante, coordenador do projeto.

Protagonismo feminino e educação

O sucesso da iniciativa teve como pilares fundamentais a mobilização da comunidade, a educação inclusiva e o protagonismo das mulheres. Microscópios foram levados à aldeia para análise da qualidade da água, e as mulheres participaram de oficinas e capacitações que as ajudaram inclusive durante a pandemia de covid-19.

“O envolvimento direto das mulheres foi o fator indispensável para o sucesso alcançado”, destaca a pesquisadora Fernanda Viegas Reichardt, coordenadora do projeto e colaboradora do Conexão Água.

A pesquisadora explica também que “grande parte das soluções para os problemas locais está no próprio local, com as pessoas. Por isso, é fundamental fazer um diálogo horizontal com os povos tradicionais, que guardam saberes e conhecimentos que só agora a ciência está começando a mapear.

Modelo replicável

A iniciativa de baixo custo pode ser replicada nas outras 14 aldeias do território indígena, com potencial para beneficiar três mil pessoas. O projeto contou com a participação da Associação Xavante de Etenhiritipá, Instituto de Estudos Avançados da USP e Centro de Estudos Avançados de Promoção Social e Ambiental.

Promovida pelo Conexão Água, um projeto de custo zero para o MPF, a articulação entre as entidades envolvidas  foi essencial para a obtenção de financiamento junto à Embaixada do Canadá. Com recursos financeiros assegurados, sistema desenhado, materiais e projetos em mãos, os indígenas construíram coletivamente as instalações previstas. A comunidade participou de todo o processo e é responsável pela autogestão do sistema, o que reduziu de forma significativa os índices de doenças adquiridas pela água.

O trabalho na aldeia de Etenhiritipá rendeu ao Conexão Água o selo Iniciativa Dacar no 9º Fórum Mundial da Água, no Senegal, em 2022, e apresentação oficial na Conferência da ONU sobre Águas, em Nova York, no ano seguinte.

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