Proposta avança em meio a tensões políticas após indicação ao STF; medida seguirá para análise da Câmara dos Deputados
O Senado Federal aprovou nesta terça-feira (25) um projeto que regulamenta a aposentadoria especial de agentes comunitários de saúde e de combate às endemias, garantindo o direito a se aposentarem com regras diferenciadas. A medida, segundo estimativas preliminares, deve causar um impacto bilionário nas contas públicas e ainda precisa passar pela Câmara dos Deputados.
A votação ocorreu poucas horas após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicar Paulo Gustavo Messias para uma das vagas do Supremo Tribunal Federal (STF). O movimento foi interpretado por aliados do governo como uma retaliação do presidente da CCJ do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), insatisfeito com a escolha do Planalto.
Impacto fiscal e falta de estimativas consolidadas
Apesar de a aprovação ter ocorrido com rapidez e apoio entre os senadores, a proposta preocupa especialistas por causa do seu alto custo fiscal. Não há, até o momento, uma estimativa consolidada sobre o valor exato do impacto orçamentário, mas projeções internas mencionam cifras que podem ultrapassar a casa dos bilhões de reais.
A proposta cria regras específicas para aposentadoria da categoria, levando em conta a natureza insalubre do trabalho exercido por esses profissionais, que atuam diretamente nas comunidades, com visitas domiciliares e contato constante com situações de risco sanitário.
Estratégia política e recado ao Planalto
A tramitação acelerada da proposta no Senado foi interpretada como um recado político ao governo federal. A insatisfação teria origem na forma como o presidente Lula conduziu a indicação ao STF, ignorando o nome que Alcolumbre vinha defendendo nos bastidores.
O gesto evidencia a força de articulação do presidente da CCJ, que comanda uma das comissões mais poderosas do Congresso e tem influência direta sobre o ritmo das votações e sabatinas no Senado. A movimentação também acende o alerta no governo quanto à possível retaliação em outras pautas de interesse do Executivo.
Proposta segue para análise na Câmara
Após a aprovação no Senado, o texto agora será enviado à Câmara dos Deputados, onde pode enfrentar maior resistência, especialmente por parte da equipe econômica e da base governista, preocupadas com o equilíbrio das contas públicas.
Apesar do mérito da proposta ser reconhecido por parlamentares de diferentes partidos, a falta de estudos técnicos detalhados e de compensações fiscais pode representar um obstáculo à sua aprovação final.
A proposta se soma a outras iniciativas que aumentam os gastos da União, num momento em que o governo tenta consolidar uma imagem de responsabilidade fiscal junto ao mercado e aos órgãos de controle.



