O presidente Donald Trump afirmou nesta quinta-feira (23) que “em breve” haverá uma operação em terra para interromper o fluxo de drogas da Venezuela para os Estados Unidos, sinalizando a possível ampliação de ataques que até agora se limitaram a alvos navais.
Falando na Casa Branca, Trump disse ter ordenado ao secretário de Defesa, Pete Hegseth, que informe o Congresso sobre os planos, e indicou que a próxima fase pode atingir infraestrutura de cartéis em solo.
A declaração ocorre após uma série de ataques navais americanos no Caribe e no Pacífico que, até ontem, teriam destruído nove embarcações e deixado pelo menos 32 mortos, segundo relatos citados pelo governo.
Escalada dos ataques e aviso ao Congresso
Trump afirmou que “ações em terra será a próxima [fase]” e pediu a Hegseth que comunique o Legislativo sobre os desdobramentos.
O presidente não detalhou alvos nem a extensão temporal da operação, limitando-se a dizer que avisou o secretário de Defesa para tratar do assunto com o Congresso.
Ao ser questionado sobre declarar guerra aos cartéis, Trump afirmou que não via necessidade formal: “Vamos simplesmente matar as pessoas que estão trazendo drogas para o nosso país — ok? Vamos matá‑los, vocês sabem que eles morrerão.”
Repercussão regional e risco diplomático
Uma ofensiva terrestre representaria uma escalada significativa nas tensões com países vizinhos, em especial Venezuela e Colômbia, que poderiam ser direta ou indiretamente afetados por operações em seu território.
Até o momento, segundo informações citadas durante a declaração, os ataques americanos concentraram‑se em embarcações no mar, mas a sinalização de ações em terra amplia o espectro de risco e complica o quadro diplomático regional.
Autoridades e analistas temem que incursões em solo estrangeiro agravem conflitos já existentes e provoquem respostas políticas e militares de Caracas ou Bogotá.
Reação de Caracas e mobilização de tropas
Em resposta aos primeiros ataques navais, o presidente venezuelano Nicolás Maduro ordenou em setembro o envio indefinido de tropas e ativos para cinco estados, ampliando uma mobilização inicial de 15.000 soldados.
Nesta quinta‑feira, em Caracas, Maduro afirmou que caso haja um ataque estrangeiro “a classe trabalhadora deveria impor uma revolução ainda mais radical”.
A retórica chavista aponta para a possibilidade de medidas internas de segurança e maior escalonamento ideológico caso ocorram operações em solo venezuelano.
Incidentes navais e vítimas
Fontes citadas pelas declarações indicam que nove barcos foram atacados no Caribe e no Pacífico, com um saldo mínimo de 32 mortos até ontem.
Esses ataques navais, segundo o governo americano, fazem parte da campanha para interromper rotas de tráfico que, conforme a Casa Branca, têm origem ou passagem pela Venezuela.
Trump também negou reportagem que afirmou que bombardeiros B‑1 teriam voado próximos à Venezuela, ressaltando que as aeronaves permaneceram em espaço aéreo internacional.
Dilemas legais e políticos nos EUA
A comunicação direta ao Congresso sobre planos militares reflete a busca da Casa Branca por respaldo institucional, mas também anuncia um debate intenso no Legislativo sobre limites e autorizações.
A alternativa de ações em terra suscita questões sobre soberania, mandatos legais para operação em territórios estrangeiros e o potencial custo humano e financeiro dessas iniciativas.
No front político interno, a postura dura contra cartéis e rotas de tráfico pode encontrar apoio entre setores favoráveis a medidas enérgicas, mas também gerar críticas sobre riscos de escalada militar externa.
Próximos passos e incertezas
Trump deixou claro que pretende ampliar a campanha para conter o fluxo de drogas, mas não entrou em detalhes operacionais nem em cronogramas precisos.
Resta saber se o Congresso exigirá votações formais, que países vizinhos reagirão diplomaticamente, e como Caracas e Bogotá ajustarão suas defesas e posições políticas.
A situação segue volátil e sujeita a rápidas mudanças caso novas ordens executivas ou operações sejam anunciadas.



