Da redação
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou que entrou em contato direto com o governador Tarcísio de Freitas nesta terça-feira (16) para oferecer apoio federal nas investigações do assassinato do ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes. O crime ocorreu na segunda-feira, na cidade de Praia Grande, litoral paulista, e foi classificado pelo ministro como “brutal”, evidenciando um nível preocupante de violência no país.
Durante declarações à imprensa na Câmara dos Deputados, Lewandowski garantiu que o governo federal está à disposição do estado paulista para colaborar com recursos técnicos e investigativos. A Polícia Federal foi acionada e poderá fornecer suporte especializado, incluindo acesso ao banco de dados de balística, tecnologias de perícia criminal e informações estratégicas de inteligência policial.
Solidariedade e apoio técnico
“Liguei hoje para o governador de São Paulo, prestando a minha solidariedade pessoal, não só ao policial morto e à família, mas a todas as forças de segurança do Estado. Nós nos colocamos à disposição do Estado”, afirmou o ministro. Segundo Lewandowski, o Ministério da Justiça já adotou as providências necessárias em sua esfera de atuação para apoiar as investigações.
O ministro enfatizou que o assassinato do ex-delegado-geral demonstra um padrão de violência que, embora não seja exclusivo do Brasil, causa preocupação especial pelas características brutais do crime. As investigações permanecem sob responsabilidade da Polícia Civil paulista, mas com possibilidade de suporte federal conforme a demanda.
“As investigações estão em aberto, não temos nada de concreto ainda, mas certamente serão bem conduzidas pela Polícia de São Paulo, com apoio, se necessário, do governo federal, das forças federais, se formos convocados para tal”, declarou Lewandowski.
Crime organizado como desafio global
Questionado sobre o contexto de violência em São Paulo e os recentes crimes de execução no Estado, o ministro destacou que o crime organizado transcende fronteiras nacionais e requer articulação internacional para ser combatido efetivamente. Lewandowski atribuiu parte do problema à proliferação descontrolada de armas de fogo, especialmente as de uso restrito.
“Isso é algo muito grave. Quero dizer que também é fruto da proliferação de armas, sobretudo das armas de uso restrito. No passado recente, houve uma política de disseminação dessas armas sem controle. O atual governo está tentando agora estabelecer um controle mais rigoroso dessas armas”, explicou o ministro.
Segundo Lewandowski, embora muitas dessas armas estejam inicialmente nas mãos de pessoas de boa fé, como atiradores esportivos, caçadores e colecionadores, a maior parte acaba sendo desviada para organizações criminosas. Esta realidade demanda políticas públicas mais rigorosas de controle e monitoramento do armamento civil.
Cooperação internacional na Amazônia
O ministro aproveitou a ocasião para destacar iniciativas de cooperação internacional no combate ao crime organizado, especialmente na região amazônica. Foi mencionada a criação do Centro de Cooperação Policial Internacional, inaugurado recentemente em Manaus, que representa um marco na integração das forças de segurança regionais.
A estrutura reúne representantes das forças de segurança dos nove países que fazem fronteira com a Amazônia Legal, além dos estados brasileiros da região. O objetivo principal é fortalecer o combate a crimes transnacionais, incluindo tráfico de drogas, contrabando de armas e atuação de organizações criminosas com alcance internacional.
PEC da Segurança Pública em discussão
A presença de Lewandowski na Câmara dos Deputados teve como objetivo principal discutir a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública, que busca promover maior integração entre os órgãos de segurança pública em todo o território nacional.
“Essa proposta tem em vista exatamente a integração de todas as forças nacionais para o combate deste flagelo que é o crime organizado”, concluiu o ministro. A PEC pretende criar mecanismos mais eficientes de cooperação entre polícias estaduais, federais e outros órgãos de segurança, facilitando o compartilhamento de informações e recursos investigativos.