O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), decidiu encaminhar a PEC da blindagem para a Comissão de Constituição e Justiça, estratégia que desacelera significativamente a tramitação da proposta que dificulta investigações contra parlamentares. A decisão foi tomada após articulação de líderes partidários que defenderam o rito mais cauteloso, contrariando expectativas de votação direta em plenário.
A proposta, aprovada na madrugada desta quinta-feira pela Câmara dos Deputados, agora enfrentará análise detalhada na comissão presidida por Otto Alencar (PSD-BA). O parlamentar baiano já sinalizou resistência total ao texto, prometendo trabalhar ativamente contra sua aprovação.
Líderes articulam tramitação cautelosa
Omar Aziz (AM), líder do PSD no Senado, foi o primeiro a defender publicamente o encaminhamento à CCJ durante sessão. Sua posição encontrou eco entre outros parlamentares, incluindo Magno Malta, que representou o PL na discussão.
A estratégia revela consenso entre diferentes legendas sobre a necessidade de análise mais aprofundada da matéria. Mesmo partidos que votaram favoravelmente na Câmara demonstraram cautela no Senado, preferindo o rito mais longo.
Otto Alencar promete resistência na CCJ
O presidente da Comissão de Constituição e Justiça não escondeu sua contrariedade com a aprovação na Câmara. Otto Alencar classificou como “sem-cerimônia” a postura dos deputados e prometeu usar sua posição para obstruir o projeto.
A declaração indica que a PEC encontrará forte oposição já na primeira etapa de tramitação no Senado. Alencar possui histórico de rigor técnico na análise de propostas constitucionais, o que pode complicar ainda mais a aprovação.
Alcolumbre adota postura estratégica
A decisão de Alcolumbre reflete seu estilo político de evitar protagonismo em temas controversos, conforme análise da colunista Carla Araújo. Esta postura frequentemente resulta no congelamento de discussões polêmicas, favorecendo setores contrários às mudanças.
O presidente do Senado tem histórico de usar procedimentos regimentais para desacelerar propostas que geram divisões internas. Sua atuação indireta costuma ser mais efetiva que oposição declarada.
PL registra divergências internas
Jorge Seif (PL-SC), ex-ministro de Jair Bolsonaro, apresentou posição nuançada sobre a proposta durante debates. Ele reconheceu pontos positivos no texto aprovado pelos deputados, mas criticou aspectos do voto secreto para investigações.
A posição de Seif destoa da linha majoritária do PL, que apoiou integralmente a proposta na Câmara. Essa divergência interna pode sinalizar dificuldades adicionais para construção de consenso no Senado.
Câmara aprovou após maratona noturna
A aprovação na Câmara resultou de intenso trabalho de líderes do centrão e do PL durante votação remota. A sessão se estendeu além da meia-noite, com articulação concentrada para reunir os 308 votos necessários.
O esforço demonstrou a prioridade dada à matéria por esses grupos políticos, que agora precisarão replicar a mobilização no Senado.