Gráfico simbolizando deflação

Banco Central despreza deflação e mantém Selic em 15%

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Atualizado quinta-feira, 18 de setembro de 2025

O Comitê de Política Monetária do Banco Central decidiu unanimemente manter a taxa básica de juros em 15% pela segunda reunião consecutiva, reforçando postura conservadora que afasta expectativas de corte ainda neste ano. O comunicado destacou expectativas de inflação desancoradas da meta de 3%, atividade econômica resiliente e mercado de trabalho aquecido como principais fatores para manutenção do patamar restritivo por tempo “bastante prolongado”.

A decisão ocorreu mesmo após melhora das expectativas inflacionárias no Boletim Focus e apreciação adicional do câmbio desde julho. O Copom manteve projeção de inflação para o horizonte relevante em 3,4%, surpreendendo analistas que esperavam redução.

Para economistas ouvidos pelo mercado, a postura reforça cenário de estabilidade dos juros até dezembro. A autarquia voltou a sinalizar que “não hesitará em retomar ciclo de ajuste caso julgue apropriado”.

Economistas veem tom mais conservador que esperado

Iana Ferrão, sócia e economista do BTG Pactual, avaliou que “o comunicado preservou o tom conservador do Copom, mas não foi necessariamente mais duro do que a gente esperava”. Para ela, pontos como repetição da expressão “período bastante prolongado” e caracterização da atividade com apenas “certa moderação” indicam ajustes marginais para lado mais conservador.

A manutenção da projeção de inflação em 3,4% foi considerada pequena surpresa por Ferrão. O mercado esperava alguma redução devido à apreciação cambial e recuo das expectativas no Focus.

Projeção estável surpreende analistas

Paulo Val, economista-chefe da Occam, considerou a manutenção da estimativa inflacionária o “ponto mais conservador e destaque do comunicado”. Segundo ele, provável revisão do hiato do produto pode ter motivado estabilidade da projeção.

Val afirmou que a decisão “foi um pouco mais dura do que se esperava e afasta ainda mais a possibilidade de cortes de juros em 2025”. Para o economista, seria necessário “algo muito forte, como apreciação maior do real ou surpresa para baixo da atividade econômica” para justificar corte ainda este ano.

O cenário-base da Occam contempla primeiro corte em março, de 0,5 ponto percentual, levando a Selic para 13% no fim de 2026.

Condições para eventual corte em dezembro

Mesmo reforçando perspectiva de juros estáveis, Ferrão não descarta completamente corte ainda em 2025. A economista listou três fatores que o Copom precisaria observar para antecipar flexibilização: desaceleração mais clara do mercado de trabalho, surpresas baixistas no IPCA ou retomada da trajetória de desaceleração da inflação de serviços.

“Teremos que ter surpresas no cenário. Como está hoje, não vemos espaço para corte de juros em 2025. Mas não é algo que deve ser descartado”, declarou Ferrão ao comentar as perspectivas.

A aceleração dos núcleos inflacionários e preços de serviços em agosto já havia diminuído chances de antecipação do ciclo de flexibilização monetária.

Mudanças na comunicação reforçam confiança

O Copom retirou sinalização de que antecipava “continuação na interrupção no ciclo de alta de juros”. Para os analistas, essa alteração mostra maior confiança de que Selic em 15% é suficiente para convergir inflação à meta.

A manutenção da possibilidade de nova alta dos juros indica “cuidado para que o ajuste na comunicação não soasse suave demais”, segundo Ferrão. O comitê preserva margem para endurecimento adicional caso cenário se deteriore.

A postura cautelosa reflete ambiente de “elevada incerteza” mencionado no comunicado, priorizando ancoragem das expectativas inflacionárias sobre estímulo à atividade econômica.

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