O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados vota nesta terça-feira (25) treze representações envolvendo nove parlamentares de diferentes partidos e espectros ideológicos. Os processos variam entre acusações de ofensas verbais, agressões físicas, quebra de decoro e condutas consideradas incompatíveis com o exercício do mandato parlamentar.
A sessão, que deve se estender até quarta-feira (26), é uma das mais carregadas da atual legislatura e pode resultar em punições que vão desde advertências até pedidos de cassação de mandato. Alguns deputados, como André Janones (Avante-MG) e Gilvan da Federal (PL-ES), respondem a mais de um processo.
Janones e Gilvan concentram maior número de ações
O deputado André Janones é alvo de três representações. Em uma delas, ele já recebeu uma suspensão de três meses por ter ofendido o colega Nikolas Ferreira (PL-MG) durante discurso na tribuna. O Conselho agora avaliará se o caso deve escalar para uma punição mais severa.
As outras duas ações contra o parlamentar foram movidas pelo PL: uma acusa Janones de ter chamado o deputado Gustavo Gayer de “assassino” e “corrupto” em publicações nas redes sociais; a outra envolve denúncias de rachadinha feitas por um ex-assessor, também repercutidas pela legenda.
Já Gilvan da Federal responde por dois processos distintos. O primeiro envolve ofensas à ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, a quem ele teria se referido com termos ofensivos durante reunião da Comissão de Segurança Pública. O segundo trata de reiteradas agressões verbais contra opositores e cita declarações anteriores do deputado desejando a morte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Embates ideológicos acentuam clima tenso
O deputado Kim Kataguiri (União-SP) também será julgado. A representação do PSOL foi motivada por um embate com a deputada Célia Xakriabá (PSOL-MG) durante debates sobre povos indígenas. Kim usou a expressão “cosplay” para se referir à colega, o que o partido classificou como tentativa de desqualificar sua identidade indígena.
Célia Xakriabá, por sua vez, também responde a uma representação apresentada pelo PL. O partido a acusa de ter agredido Kataguiri com uma caneta durante a votação do projeto de licenciamento ambiental, atingindo acidentalmente o deputado Sargento Fahur (PSD-PR) durante o tumulto.
Outros parlamentares sob análise
O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) também é alvo de dois processos. Um deles foi protocolado pelo partido Novo, após o petista acusar Marcel Van Hatten (Novo-RS) de ofender o ministro Alexandre de Moraes — o Novo afirma que houve distorção proposital. A outra representação, movida pelo PL, refere-se a uma entrevista em que Lindbergh chamou Gustavo Gayer de “canalha”.
Sargento Fahur é acusado de conduta incompatível com o decoro parlamentar após afirmar que gostaria de ser “o policial que bate” em um filme hipotético protagonizado pelo deputado Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ).
Já o deputado Delegado Éder Mauro (PL-PA) responde por uma representação que o acusa de agredir fisicamente um bancário que havia feito críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Guilherme Boulos (PSOL-SP), hoje licenciado, também está entre os investigados. O PL alega que ele ofendeu os deputados Gilvan da Federal e Gustavo Gayer durante pronunciamentos no plenário.
Por fim, José Medeiros (PL-MT) é acusado de atacar Ivan Valente (PSOL-SP) com ofensas pessoais em postagens nas redes sociais.
Sessão pode marcar nova fase do Conselho
Com a concentração de tantos casos polêmicos em uma única sessão, a reunião do Conselho de Ética desta terça-feira se tornou um termômetro do atual clima político no Congresso. Parlamentares já se organizam para prolongar as discussões até a quarta-feira, e os resultados podem repercutir fortemente entre as bases dos envolvidos, especialmente nas redes sociais.



