A CEO da COP30, Ana Toni, celebrou a conquista da presidência brasileira ao conseguir abrir oficialmente a agenda da conferência já no primeiro dia de evento. O feito é inédito nas últimas edições da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, que frequentemente enfrentam entraves diplomáticos logo no início.
Na coletiva realizada nesta segunda-feira (10), em Belém (PA), Toni destacou a relevância do avanço: “Nas últimas quatro COPs, não fomos capazes de abrir a agenda no primeiro dia. Então, isso é uma grande notícia para nós”. A executiva frisou que o resultado reflete a habilidade diplomática do Brasil, mesmo em meio a tensões geopolíticas globais.
Avanço técnico possível graças à agenda
A abertura da agenda, que contempla 145 tópicos — sendo 20 considerados prioritários — permite que as discussões técnicas avancem desde o início. Toni explicou que, caso algum país optasse por reabrir a pauta, os trabalhos seriam paralisados.
“Se não abríssemos a agenda, o trabalho técnico em todos os temas que são mandados poderiam não ser iniciados”, afirmou. A negociação prévia entre os países permitiu que os temas não fossem contestados, garantindo o andamento das atividades.
A CEO ressaltou ainda que, embora o avanço pareça pequeno aos olhos do público, trata-se de uma vitória diplomática significativa: “Nós sentimos que foi um grande acontecimento. Parece que foi pouco, mas foi muito trabalho”.
Compromissos climáticos reforçam engajamento
Outro dado celebrado foi a entrega das NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas) por 111 países até o momento. As NDCs representam os compromissos formais de cada nação para reduzir emissões de gases de efeito estufa, no escopo do Acordo de Paris.
“O número mostra que os países estão muito engajados com o Acordo de Paris, fazendo as suas NDCs, fazendo os seus planejamentos”, afirmou Toni durante a coletiva.
Esse nível de comprometimento, segundo a CEO, fortalece a confiança nos acordos multilaterais e sinaliza que a COP30 poderá gerar resultados mais concretos em comparação a edições anteriores.
Participação massiva de países reforça legitimidade
Além da pauta bem-sucedida e do avanço das NDCs, Toni também destacou a expressiva presença de países. Ao todo, 194 nações estão oficialmente credenciadas para participar das negociações em Belém.
“Quase todos os países estão aqui conosco, acreditados, participando das negociações, o que mostra que a COP começou muito bem”, comemorou. A presença abrangente contribui para a legitimidade das decisões tomadas durante o evento.
Desafios geopolíticos e clima de otimismo
Embora o cenário internacional esteja marcado por tensões geopolíticas — como conflitos armados e disputas comerciais —, a organização brasileira conseguiu promover consensos mínimos para dar início aos trabalhos. A habilidade em costurar acordos foi considerada essencial para evitar bloqueios logo no começo da COP30.
“Vamos manter esse ritmo agora até o final”, concluiu Ana Toni, projetando um clima de continuidade e cooperação até o encerramento da conferência, previsto para o final de novembro.



