Donald Trump oficializou na quinta-feira uma ordem executiva estabelecendo tarifas recíprocas para importações americanas, com alíquotas que variam entre 10% e 41%. As medidas entram em vigor em uma semana e atingem diversos países, incluindo o Brasil, que enfrentará sobretaxa de 50% em alguns produtos devido às questões envolvendo Jair Bolsonaro.
O decreto presidencial inclui lista detalhada com países e respectivas taxações sobre produtos exportados aos Estados Unidos. Nações não mencionadas no documento receberão tarifa padrão de 10%, conforme informou a administração americana.
Entre os países mais penalizados estão Síria, com alíquota de 41%, Suíça, taxada em 39%, e Taiwan, importante fornecedor de semicondutores, que pagará 20%. As medidas confirmam também tarifações já anunciadas anteriormente pelo presidente republicano.
Canadá e Brasil recebem tratamento específico
Trump elevou a tarifa canadense de 25% para 35% em decreto separado, acusando o país de inércia nas negociações comerciais. A Casa Branca justificou o aumento como resposta à “contínua inércia e retaliação do Canadá” e para lidar com a “emergência existente”. A nova taxa contra produtos canadenses começará a valer nesta sexta-feira.
O Brasil enfrentará situação complexa, com tarifa base de 10% acrescida de sobretaxa de 40% em determinados produtos. A medida adicional foi implementada por ordem executiva de quarta-feira, totalizando 50% de taxação em alguns itens brasileiros.
A sobretaxa brasileira foi justificada pelo que Trump considera “caça às bruxas” contra Bolsonaro, processado no STF. O ex-presidente brasileiro enfrenta acusações de tentativa de golpe para impedir a posse de Lula da Silva.
Índia penalizada por vínculos com BRICS e Rússia
A Índia recebeu tarifa de 25%, superior às expectativas de Nova Déli, segundo autoridade da Casa Branca. A taxação foi atribuída às divergências geopolíticas relacionadas à participação indiana no grupo BRICS, considerado antiamericano pela administração Trump.
O comércio mantido pela Índia com a Rússia, país sob pesadas sanções americanas desde o início da guerra na Ucrânia, também influenciou a decisão tarifária. O BRICS, atualmente presidido pelo Brasil, é visto como bloco de oposição aos interesses americanos.
Taiwan, apesar de ser parceiro estratégico na área tecnológica, enfrentará tarifa de 20% sobre suas exportações. A medida pode impactar significativamente o setor de semicondutores americano, dependente da produção taiwanesa.
México ganha prazo adicional para negociações
Diferentemente de outros parceiros comerciais, o México recebeu extensão de 90 dias para negociações comerciais bilaterais. O país mantém acordo de livre comércio vigente com os Estados Unidos, assim como o Canadá.
A decisão demonstra tratamento diferenciado para o vizinho sul, possivelmente devido à importância estratégica das relações México-EUA. As discussões prolongadas podem resultar em acordo mais favorável para ambas as nações.
As novas tarifas representam intensificação da política protecionista americana, afetando parceiros tradicionais e competidores econômicos. A medida reflete a estratégia de Trump de usar instrumentos comerciais como ferramentas de pressão geopolítica.
Veja quais os países e percentuais aplicados pelo governo Trump
Afeganistão 15%
África do Sul 30%
Angola 15%
Argélia 30%
Bangladesh 20%
Bolívia 15%
Bósnia e Herzegovina 30%
Botsuana 15%
Brasil 50%
Brunei 25%
Camarões 15%
Camboja 19%
Cazaquistão 25%
Chade 15%
Coreia do Sul 15%
Costa do Marfim 15%
Costa Rica 15%
Equador 15%
Fiji 15%
Filipinas 19%
Gana 15%
Guiana 15%
Guiné Equatorial 15%
Ilhas Malvinas 10%
Índia 25%
Indonésia 19%
Iraque 35%
Islândia 15%
Israel 15%
Japão 15%
Jordânia 15%
Laos 40%
Lesoto 15%
Líbia 30%
Liechtenstein 15%
Macedônia do Norte 15%
Madagascar 15%
Malásia 19%
Malaui 15%
Maurício 15%
Mianmar (Birmânia) 40%
Moçambique 15%
Moldávia 25%
Namíbia 15%
Nauru 15%
Nicarágua 18%
Nigéria 15%
Noruega 15%
Nova Zelândia 15%
Papua-Nova Guiné 15%
Paquistão 19%
Reino Unido 10%
República Democrática do Congo 15%
Sérvia 35%
Síria 41%
Sri Lanka 20%
Suíça 39%
Tailândia 19%
Taiwan 20%
Trinidad e Tobago 15%
Tunísia 25%
Turquia 15%
Uganda 15%
União Europeia 15%
Vanuatu 15%
Venezuela 15%
Vietnã 20%