A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, marcou reunião para esta manhã no Palácio do Planalto com ministros de partidos do Centrão. O encontro tem como objetivo articular estratégias para impedir aprovação do projeto de anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro. O governo pretende usar titulares de pastas para reduzir apoio que a proposta possui atualmente no Congresso Nacional. A expectativa é que participem representantes de MDB, PP, União Brasil, PSD e Republicanos, além de ministros da esquerda e líderes governistas no Parlamento.
A pressão na Câmara dos Deputados intensificou-se nos últimos dias para aprovação do projeto que pode beneficiar Jair Bolsonaro. Dirigentes nacionais de PP, União Brasil e Republicanos apoiam abertamente texto que pode anular eventual condenação do ex-presidente. As bancadas desses partidos na Câmara contam com maioria favorável à tramitação da iniciativa legislativa.
Partidos do Centrão divididos sobre anistia
No PSD, a cúpula partidária relata cenário de divisão interna sobre o tema da anistia. Apoio e rejeição à proposta apresentam níveis similares dentro da bancada na Câmara dos Deputados. O MDB enfrenta situação parecida, com dirigentes nacionais sinalizando contra, mas recebendo apoios das alas regionais do Sul e Centro-Oeste.
O PL pressiona para que anistia inclua reversão da inelegibilidade de Bolsonaro até 2030. A demanda encontra resistência em parte das siglas do Centrão, que preferem focar no perdão da possível condenação na trama golpista. Estratégia governista visa aproveitar essas divergências para fragmentar apoio ao projeto.
Integrantes do governo avaliam reservadamente que consolidação do apoio à anistia reflete insatisfação com Palácio do Planalto. A percepção é que governo precisa resolver entraves como aceleração da liberação de emendas parlamentares. Medida poderia apaziguar pressão pela aprovação do projeto demandado por bolsonaristas.
Reunião discute agenda prioritária do segundo semestre
O encontro organizado por Gleisi tem como tema oficial discussão das pautas governamentais prioritárias para segundo semestre. Agenda inclui projeto de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. Também estão previstos debates sobre PEC da Segurança Pública e medidas provisórias próximas do vencimento.
Apesar da pauta oficial abrangente, anistia deve dominar discussões durante encontro ministerial. Governo busca coordenar atuação de ministros deputados e senadores licenciados dentro das bancadas partidárias. Objetivo é impedir consolidação do apoio necessário para que texto seja pautado no plenário da Câmara.
A estratégia governista reconhece que ministros do Centrão possuem influência direta sobre respectivas bancadas parlamentares. Esperança é que atuação interna desses auxiliares possa reverter tendência favorável à aprovação da anistia. Movimento representa intensificação da ofensiva governamental contra projeto defendido pela oposição.
Hugo Motta envia sinais contraditórios sobre votação
O presidente da Câmara tem demonstrado posição ambígua sobre cronograma de votação da anistia. Na semana passada, reuniu-se com governador Tarcísio de Freitas para discutir especificamente o tema. Encontro reforçou especulações sobre pressão paulista pela tramitação do projeto no Legislativo federal.
Tarcísio recebe estímulos do Centrão para candidatura presidencial em 2026 usando anistia como aceno a Bolsonaro. Estratégia busca conquistar apoio do ex-presidente para disputa eleitoral do próximo ciclo. Governador de São Paulo aparece como nome viável para unificar direita em eventual cenário sem Bolsonaro.
Na terça-feira, Motta declarou que apoio à anistia cresceu entre líderes congressuais durante reunião reservada. Deputados relataram que presidente da Câmara afirmou inevitabilidade da discussão do assunto pela Casa. Dois dias depois, entretanto, recuou ao dizer que não há acordo sobre texto e esvaziou pauta semanal.
A tendência é que projeto seja discutido somente após conclusão do julgamento da trama golpista no STF. Timing político pode influenciar decisão final sobre tramitação da proposta. Resultado do julgamento de Bolsonaro pode alterar correlação de forças no debate sobre anistia.