Por Hylda Cavalcanti
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou nesta quinta-feira (31/07) que o secretário de Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, o procurou para marcar uma agenda com o objetivo de debater o tarifaço imposto pelo governo de Donald Trump contra as exportações brasileiras.
As informações foram passadas pelo ministro depois de nova reunião do presidente Lula no Palácio do Planalto com ele [Haddad], o advogado-geral da União, Jorge Messias; e a secretária de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann.
Também participaram do encontro, que debateu os impactos econômicos das medidas norte-americanas, os demais titulares da Casa Civil, Rui Costa; Saúde, Alexandre Padilha; Comunicação Social, Sidônio Palmeira; e o secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MIDIC), Márcio Fernando Elias Rosa — que substituiu o vice-presidente Geraldo Alckmin, cumprindo agenda em São Paulo.
Plano de contingência
No encontro, ficou definido que a partir da próxima segunda-feira (04/08) o MIDIC voltará a ouvir os setores mais afetados para ajustes específicos no plano de contingência — que está sendo elaborado por quatro ministérios, com o objetivo de proteger trabalhadores e empresas.
Conforme informações do Palácio, não há um prazo para o anúncio das medidas, que poderão ser implementadas individualmente, para cada setor, sem necessariamente serem agrupadas em um “pacote”.
Segunda conversa
De acordo com Fernando Haddad, não foi definida uma data para a reunião com o secretário norte-americano, mas ela deve ser realizada nos próximos dias.
“A assessoria do secretário Bessent fez contato conosco e, finalmente, será agendada uma segunda conversa”, relatou Haddad, ao lembrar que reunião anterior aconteceu em maio passado, na Califórnia (EUA). Ele afirmou que, no encontro, o governo brasileiro pretende apresentar às autoridades norte-americanas o seu “ponto de vista em torno da questão”. Haddad, porém, alertou que este é apenas o que chamou de “início” das negociações.
Longe da chegada
“Nós estamos em um ponto de partida mais favorável do que se imaginava. Mas muito longe do ponto de chegada. Há muita injustiça nas medidas que foram anunciadas ontem”, ressaltou.
Para o ministro da Fazenda, apesar das exceções, “o impacto é dramático para alguns setores”. O pacote de ajuda aos segmentos da economia afetados, acrescentou ele, deverá contar com linhas de crédito e apoio às empresas. “Estamos aliviados pelos que foram poupados, mas é preciso proteger aqueles setores que sofrerão com as medidas. Em especial, os menores e mais frágeis”, frisou.
Judiciário é independente
O ministro reafirmou também que a intenção do governo norte-americano de interferir no julgamento da tentativa de golpe de Estado no Supremo Tribunal Federal (STF) não pode entrar na mesa de negociação. “Até porque o Judiciário é um poder independente do Executivo”.
“Talvez o Brasil seja uma das democracias mais amplas do mundo, ao contrário do que a Ordem Executiva [do Trump] faz crer. Nós temos que explicar que a perseguição ao ministro da Suprema Corte [Alexandre de Moraes] não é o caminho de aproximação entre os dois países”, enfatizou. O presidente Lula tem reunião hoje à noite com os ministros do STF, com quem se encontrará durante um jantar.
— Com informações do Ministério da Fazenda e da Agência Brasil