Judiciário brasileiro progrediu em matéria ambiental, mas julgamento de ações na área continua complicado, afirma juíza

Hylda Cavalcanti Por Hylda Cavalcanti
27 de junho de 2025
no Advocacia, Meio ambiente, STJ
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Judiciário brasileiro progrediu em matéria ambiental, mas julgamento de ações na área continua complicado, afirma juíza

Por Hylda Cavalcanti

A juíza Patrícia Antunes Laydner, do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), que tem doutorado na área, afirmou que o Judiciário brasileiro tem conseguido progressos em matéria ambiental, mas admitiu que o julgamento de ações judiciais nesse campo continua consistindo em um trabalho complicado.

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Um feito importante apontado por Patrícia foi o julgamento de ações para reprimir o desmatamento com o estabelecimento de danos e sanções aos réus nos processos. Porém, em sua avaliação, nem todos os magistrados estão preparados para julgar processos relacionados a litígios climáticos.

Dificuldades de análise

A magistrada foi uma das palestrantes do evento sobre Sustentabilidade que foi realizado nesta quinta-feira (26/06) pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), com o apoio de vários órgãos do Judiciário.

A juíza analisou como a atividade jurisdicional pode contribuir para ajudar o planeta nesse quadro de emergência climática.

Apontou como um dos principais problemas o fato destas ações consistirem em matéria difícil de ser analisada, de teor extremamente técnico, em meio a tribunais sobrecarregados de processos sobre diversos assuntos.

Patrícia destacou a resolução do CNJ que cria uma certa estrutura para auxílio às Cortes nos processos sobre a questão, como o Observatório do Poder Judiciário e o Fórum Nacional do Meio Ambiente do Poder Judiciário, que estão caminhando para dar significativa ajuda nesse trabalho.

“Todo o fomento do uso de recursos tecnológicos, como a inteligência artificial, o sensoriamento remoto e o estudo a partir de dados do quadro jurisdicional de matérias ambientais, são importantes para nos auxiliar neste momento”, frisou.

Populações de risco

A magistrada ainda afirmou que considera igualmente importante que sejam ouvidas as populações de áreas de risco, “que muitas vezes são as que mais contribuem para a preservação daquele local”.

Ela chamou a atenção, principalmente, para a necessidade de se capacitar tanto os técnicos, como agentes da justiça e magistrados para atuar nesses litígios de uma forma melhor.

“Os juízes foram aprendendo Direito Ambiental por meio de todo esse processo, não houve uma preparação formal. E nos deparamos com uma série de empecilhos”, explicou.

Segundo a magistrada, um dos grandes problemas das ações de desmatamento hoje, por exemplo, é a produção de provas feita na área pericial, trabalho que custa caro, cuja demora atrapalha o processo judicial e leva a atrasos para a recuperação da área em questão.

Imagens de satélites

“Estamos tentando fazer com que essa perícia seja feita a partir de imagens de satélites para agilizar o andamento dos processos”, informou.

“Estamos atuando também para fazer com que as penalidades e condenações que resultem em pagamentos por parte dos réus em crimes ambientais sejam destinados à preservação do Meio Ambiente”, acrescentou.

Núcleos ambientais

Outro ponto a ser considerado, na opinião da juíza, é a questão da garantia de consulta prévia por parte dos magistrados nas ações ambientais. Inovação semelhante para ajudar nestes julgamentos pode ser a criação de Núcleos de Apoio Técnico (NACs), na área ambiental.

Os NACs já atuam no Judiciário nas demandas processuais relacionadas à área de saúde há anos. Por meio desses núcleos, médicos e profissionais diversos auxiliam os magistrados nas demandas judiciais de saúde.

A ideia dos NACs específicos para o setor de Meio Ambiente é atuar da mesma forma, com especialistas dando sugestões e orientações nos processos sobre questões ambientais.

“Isso é importante principalmente em relação às perícias e já está sendo avaliado pelo CNJ. Quando consolidado representará um grande salto para dar maior agilidade aos processos judiciais que tratam de matéria ambiental”, enfatizou.

De 91,3 mil para 138 mil

A magistrada citou ainda números oficiais: o Judiciário brasileiro pulou de 91,3 mil processos sobre matérias ambientais julgados em 2020 para mais de 138 mil matérias julgadas em 2024.

E isso, sem falar que o número de ações ajuizadas que aumentou consideravelmente ao longo dos últimos quatro anos. Na sua avaliação, a performance foi boa, mas a necessidade exige novas e mais eficazes iniciativas e técnicas de gestão para ampliar ainda mais o número desses julgados.

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  • Hylda Cavalcanti
    Hylda Cavalcanti

Tags: COP30meio ambienteMeio ambiente e judiciárioSJ

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