O presidente Luiz Inácio Lula da Silva promoveu encontro urgente com integrantes do Supremo Tribunal Federal na noite desta quarta-feira, no Palácio do Planalto. A reunião aconteceu após os Estados Unidos anteciparem medidas tarifárias contra produtos brasileiros e anunciarem sanções financeiras contra o ministro Alexandre de Moraes.
Participaram do encontro os ministros Luís Roberto Barroso, presidente da Corte, Gilmar Mendes, decano do tribunal, e Cristiano Zanin, indicado pelo próprio Lula ao Supremo. O presidente inicialmente havia convocado apenas seu núcleo ministerial, mas decidiu ampliar o diálogo para incluir representantes do Judiciário.
A reunião também contou com a presença do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e do advogado-geral da União, Jorge Messias. Todos os participantes discutiram estratégias de resposta às medidas americanas em sessão conjunta no Planalto.
Governo americano aplica lei Magnitsky contra ministro brasileiro
As sanções contra Moraes foram anunciadas com base na Lei Global Magnitsky, instrumento usado pelos Estados Unidos para punir autoridades estrangeiras. A medida é considerada uma das mais severas disponíveis ao governo americano contra indivíduos acusados de violações de direitos humanos.
Segundo informações da imprensa, Lula manteve contato telefônico com Moraes logo pela manhã, após o anúncio oficial das penalidades. O ministro do STF tem sido alvo de críticas de setores políticos brasileiros por suas decisões relacionadas a plataformas digitais.
A aplicação da lei Magnitsky representa escalada significativa nas tensões diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos. Washington justifica a medida citando preocupações com práticas consideradas autoritárias no sistema judicial brasileiro.
Presidente brasileiro repudia interferência externa na justiça nacional
Em resposta às sanções, Lula divulgou nota oficial rejeitando a interferência americana no Poder Judiciário brasileiro. “É inaceitável a interferência do governo norte-americano na Justiça brasileira”, declarou o presidente em comunicado oficial.
O documento manifesta apoio integral ao ministro Alexandre de Moraes, caracterizando as sanções como motivadas por interesses políticos. Segundo a nota presidencial, o ministro é alvo de perseguição por “políticos brasileiros que traem nossa pátria e nosso povo em defesa dos próprios interesses.”
Lula enfatizou que a legislação brasileira se aplica igualmente a todos os cidadãos e empresas no território nacional. “No Brasil, a lei é para todos os cidadãos e todas as empresas. Qualquer atividade que afete a vida da população e da democracia brasileira está sujeita a normas”, disse o presidente em nota.
Brasil contesta motivação política das medidas comerciais americanas
O governo brasileiro criticou duramente o uso de argumentos políticos para justificar as medidas comerciais anunciadas pelos Estados Unidos. A administração Lula considera injustificável a vinculação entre questões judiciais internas e políticas de comércio exterior.
“O Brasil tem acumulado nas últimas décadas um significativo déficit comercial em bens e serviços com os Estados Unidos”, informou a nota presidencial. O documento caracteriza a motivação política das medidas como afronta à soberania nacional e às relações históricas bilaterais.
Apesar das tensões, o governo brasileiro sinalizou disposição para negociar aspectos comerciais da relação com Washington. “O Brasil segue disposto a negociar aspectos comerciais da relação com os Estados Unidos, mas não abrirá mão dos instrumentos de defesa do país previstos em sua legislação”, declarou Lula em nota.
AGU classifica sanções como tentativa de intimidação judicial
O advogado-geral da União reagiu às sanções americanas classificando-as como medida arbitrária contra o sistema judicial brasileiro. Jorge Messias caracterizou o uso da Lei Magnitsky como “tentativa de intimidação do Poder Judiciário brasileiro” em nota oficial.
A posição da AGU reforça a estratégia governamental de resistência às pressões externas sobre questões internas. O órgão jurídico do governo sinaliza que adotará medidas para defender instituições brasileiras de interferências estrangeiras.