Durante congresso internacional sobre inteligência artificial e questões de gênero, a presidente do TSE alertou para os riscos de a tecnologia perpetuar discriminações históricas contra mulheres na política e em outros setores da sociedade.
A ministra Cármen Lúcia participou do XXV Congresso da Federação Internacional das Mulheres da Carreira Jurídica, abordando os desafios da era digital. Segundo ela, algoritmos podem intensificar preconceitos existentes se não forem adequadamente regulamentados.
O evento reuniu especialistas internacionais para discutir como as novas tecnologias afetam diferentemente homens e mulheres. A preocupação central é evitar que a IA reproduza vieses discriminatórios em escala ampliada.
Violência política digital
A magistrada relatou casos concretos das eleições de 2024, quando prefeitas com alta aprovação desistiram da reeleição. As campanhas de desmoralização digital tornaram-se um obstáculo significativo para a participação feminina.
A viralização de conteúdos falsos representa uma ameaça democrática crescente. Segundo Cármen Lúcia, é fundamental distinguir entre inteligência artificial e o que chamou de “desinteligência natural” dos usuários.
A vulnerabilidade das mulheres políticas aos ataques digitais requer respostas institucionais coordenadas. A Justiça Eleitoral tem desenvolvido mecanismos para coibir essas práticas durante os pleitos eleitorais.
Dados do mercado de trabalho
Estudos da Organização Internacional do Trabalho indicam que 37 milhões de empregos brasileiros estão em risco pela automação. O impacto será desproporcionalmente maior para as mulheres, especialmente em setores tradicionalmente femininos.
A área jurídica, apesar do crescimento da presença feminina, ainda apresenta disparidades nos espaços de poder. A IA pode tanto agravar quanto ajudar a corrigir essas distorções, dependendo de como for implementada.