PF e CGU investigam esquema milionário de fraudes em contratos públicos no Pará

Há 2 meses
Atualizado terça-feira, 2 de setembro de 2025

Da Redação

A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta terça-feira (2/9), a Operação Expertise, em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU). O alvo é um esquema de corrupção que teria desviado recursos federais destinados à educação e à saúde no Pará. O caso envolve contratos milionários, licitações direcionadas e movimentações financeiras suspeitas.

De acordo com as investigações, empresários, servidores públicos e empresas de fachada compõem a rede criminosa. O grupo teria atuado em diversos órgãos estaduais e municipais, manipulando processos de contratação para favorecer companhias previamente escolhidas. A estimativa inicial aponta para um desvio de cerca de R$ 198 milhões.

Os agentes da PF cumprem 18 mandados de busca e apreensão, além de medidas cautelares contra investigados e empresas envolvidas. O bloqueio de ativos, afastamento de servidores e suspensão de contratos também fazem parte da operação, que mobilizou mais de 70 profissionais entre policiais e auditores.

Como funcionava o esquema de fraudes

As apurações revelam que o grupo utilizava diferentes estratégias para drenar recursos públicos. Entre elas, estavam a adesão irregular a atas de registro de preços, a simulação de licitações e a execução parcial de contratos administrativos. Após a liberação dos valores, havia o saque em espécie, seguido da redistribuição do dinheiro entre os envolvidos.

Grande parte dos recursos desviados tinha origem em fundos federais, como o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) e o Fundo Nacional de Saúde (FNS). A investigação aponta que valores destinados a serviços essenciais, como escolas e hospitais, eram desviados antes mesmo de serem aplicados nas finalidades previstas.

Além do bloqueio de R$ 198 milhões, a Justiça autorizou a quebra de sigilo bancário e fiscal de 17 investigados. Também foram expedidos cinco mandados de prisão preventiva e determinado o monitoramento eletrônico de um dos alvos.

Empresas e servidores no foco das investigações

Quatro empresas tiveram suas atividades econômicas suspensas por tempo indeterminado. Isso inclui a paralisação imediata de contratos em vigor firmados com órgãos estaduais e com a prefeitura de Marituba, região metropolitana de Belém.

Seis servidores públicos também foram afastados de suas funções, medida que busca evitar a destruição de provas ou a continuidade das práticas ilícitas. Segundo a PF, havia forte articulação entre empresários e gestores públicos, que, juntos, viabilizavam o direcionamento das licitações e a liberação dos pagamentos.

Para os investigadores, a complexidade do esquema demonstra um planejamento estruturado, no qual cada integrante tinha uma função específica — desde a criação das empresas de fachada até a movimentação financeira irregular.

Operação em Belém e Marituba

As diligências da Operação Expertise foram concentradas em Belém e Marituba, municípios que aparecem com destaque nas investigações. Os mandados foram cumpridos em residências, sedes de empresas e órgãos públicos ligados aos contratos sob suspeita.

No total, participaram 65 policiais federais e 6 auditores da CGU, em uma ação coordenada que busca tanto a coleta de provas quanto a interrupção das atividades do grupo. Documentos, equipamentos eletrônicos e registros contábeis foram apreendidos e serão analisados para rastrear o fluxo do dinheiro desviado.

A Polícia Federal destacou que a investigação está em andamento e que novos desdobramentos não estão descartados. A prioridade agora é confirmar a extensão dos contratos fraudulentos e a efetiva participação de cada envolvido no esquema.

Prejuízo aos cofres públicos e próximos passos

Os contratos sob suspeita somam quase R$ 200 milhões, mas o valor total do prejuízo ainda será apurado ao longo da investigação. Além das fraudes contratuais, os agentes também analisam indícios de lavagem de capitais, o que pode ampliar a responsabilização dos acusados.

O caso chama atenção pelo impacto direto em áreas sensíveis como saúde e educação, em que a falta de recursos compromete serviços básicos da população. Segundo a CGU, operações como essa têm papel central no combate à corrupção e na recuperação de valores desviados.

Com o avanço das investigações, os relatórios da PF e da CGU devem ser encaminhados ao Ministério Público Federal, responsável por oferecer denúncia contra os envolvidos. Se confirmadas as suspeitas, os investigados podem responder por crimes como corrupção, fraude em licitações, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

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