Da Redação
A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou um homem e uma mulher sob a acusação de terem arrecadado R$ 1 milhão para comprar alimentos e manter os manifestantes bolsonaristas que acamparam em frente ao quartel-general do Exército em Brasília, no final de 2022.
Conforme ressalta a denúncia, a dinâmica do casal consistiu na arrecadação de recursos, por meio de chave PIX, vinculada à conta bancária de Eloisa da Costa Leite, para posterior repasse dos valores a Rubem Abdalla Barroso Júnior. Parte da quantia angariada foi destinada a incitar a prática de atos antidemocráticos mediante o fornecimento de alimentos aos frequentadores do quartel-geral do Exército, conforme informou no documento, o procurador-geral da República, Paulo Gonet.
Associação criminosa
Conforme a avaliação da PGR, “os denunciados cometeram os crimes de associação criminosa — que tem pena prevista de 1 a 3 anos de prisão — e de incitação ao crime, por incitarem animosidade das Forças Armadas contra os poderes constitucionais — com pena de 3 a 6 meses de detenção”.
O documento enfatiza, ainda, que no caso deles existe a possibilidade de firmarem um Acordo de Não Persecução Penal (ANPP), uma vez que a pena mínima para os crimes apontados é inferior a 4 anos de prisão. Para isso, entretanto, Eloisa e Rubem precisam confessar os delitos e se comprometer a cumprir uma série de condições estipuladas pela Justiça.
A denúncia foi apresentada pela PGR ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no último sábado (09/08). Os denunciados ainda não se manifestaram sobre o caso.
‘Barraca do Abdalla’
Conforme ainda o documento da PGR, a investigação da Polícia Federal constatou que Rubem era proprietário/responsável por uma tenda de alimentação coletiva instalada em frente ao quartel do Exército em Brasília, conhecida como ‘Barraca do Abdalla'”, administrada por ele e Eloisa.
A tenda era decorada por faixas e cartazes pedindo doação de dinheiro para custear a compra de alimentos para os frequentadores do acampamento. Após quebra de sigilo bancário, a PF identificou que, de novembro de 2022 a janeiro de 2023, Eloisa recebeu R$ 1,06 milhão em sua conta e gastou R$ 738,6 mil. Além disso, ela recebeu valores de outros investigados pelos atos antidemocráticos.
Estrutura para os acampados
Segundo a denúncia, Eloisa chegou a transferir R$ 185 mil para Rubem, que desse montante, transferiu quase R$ 40 mil para duas empresas que dariam estrutura para os acampados. A investigação não diz quanto efetivamente o casal gastou com comida para os acampados.
Além de identificar as movimentações financeiras, a PF apontou que Rubem fez uma live, em 4 de janeiro de 2023, convocando seus seguidores a irem à capital federal “participar da mobilização golpista” e, mencionando que o ‘QG’ seria apenas “um ponto de encontro para a ‘marcha da liberdade’, em referência aos atos antidemocráticos”.
— Com informações da PGR



